17 Fev 2023
5 min

A EDP Brasil produziu, no final do ano passado, a primeira molécula desta fonte energética, abrindo caminho para expandir esta tecnologia a todo o Grupo EDP.

A EDP Brasil produziu a primeira molécula de hidrogénio verde na sua nova unidade de geração em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, no passado mês de dezembro. A produção desta molécula é a primeira etapa estratégica no desenvolvimento do projeto-piloto de hidrogénio no Complexo Termoelétrico do Pecém, cujo lançamento oficial decorreu em janeiro de 2023. Com um investimento de 7,5 milhões de euros, esta unidade de hidrogénio verde é a primeira do Estado brasileiro e também a primeira do Grupo EDP.

“Acreditamos que o hidrogénio verde terá um papel importante na transição energética e na contribuição para uma economia de baixo carbono. Já existem cenários para que o hidrogénio verde tenha aplicação em áreas da indústria e mobilidade – como na aviação, por exemplo”, refere João Marques da Cruz, CEO na EDP Brasil, acrescentando, “a região Nordeste do Brasil tem grande potencial para se tornar um polo fornecedor pela abundância de recursos naturais para a geração de energia eólica e solar, com sua localização privilegiada e boas estruturas para escoamento, como os portos”.

Esta central de hidrogénio verde da EDP é um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento da UTE Pecém que deve gerar combustível limpo com garantia de origem renovável, além de desenvolver um roadmap com análises de cenários de escalabilidade, de 1 MW a 1 GW, passando pelas diversas escalas, considerando todos os elos da cadeia de produção do hidrogénio (ver gráfico na pág. seguinte). Contempla ainda uma central solar com capacidade de 3 MW e um módulo eletrolisador de última geração para produção do combustível com garantia de origem renovável, com capacidade para produzir 250 Nm3/h do gás.

fotografia do tanque de hidrogenio verde no brasil

Projeto pioneiro

Com este projeto, a EDP Brasil insere-se de forma pioneira na geração de conhecimento sobre a área do hidrogénio renovável, no centro de uma vasta cadeia produtiva e de aplicação desse combustível – isso porque também é objetivo do projeto analisar a cadeia produtiva do gás, modelos de negócios, parcerias estratégicas com indústrias e adaptações em mobilidade utilizando o hidrogénio.

Como refere Cayo Cid Moraes, gestor do projeto, este “é um projeto end-to-end, que aborda toda a cadeia a montante e jusante da produção de hidrogénio. Toda a energia produzida pela central fotovoltaica será destinada à eletrólise, além de que estamos a desenvolver uma série de usos para o hidrogénio internamente, como a co-queima com os combustíveis principais e substituição do hidrogénio cinza usado no arrefecimento do alternador, na central de Pecém”. Complexo que conta já com vários projetos significativos dentro do contexto de geração termoelétrica sustentável, como a aplicação de cinzas de carvão em estradas ou na construção de blocos de concreto de um edifício administrativo, ou o primeiro autocarro elétrico intermunicipal do Brasil.

Não é só a EDP que está a ver o potencial do hidrogénio, nesta região, há também outra série de empresas atentas a esta nova tecnologia. “Mas a EDP sai na frente justamente pelo pioneirismo e inserção tecnológica, quando produziu a primeira molécula em escala de 1 MW, do Brasil e da América Latina”, sublinha Cayo Cid Moraes.

Mais conhecimento e experiência

Os responsáveis pelo projeto estão atentos não só à cadeia mais “técnica”, mas a todos os desafios que surjam ao longo do processo e quais as condições de contorno que são adequadas para a implementação de um projeto desta envergadura. “Existem questões que vão desde o licenciamento ambiental da instalação, critérios de sustentabilidade técnica, regulatória e económico-financeira,certificação de origem renovável do hidrogénio, até a operação e manutenção deste ativo, ou seja, há uma série de nuances que permeiam o projeto que são de importância fundamental para a EDP”, diz o responsável pelo projeto, acrescentando. “É o primeiro e importante passo para a estratégia de hidrogénio da EDP, no que trará de conhecimento e experiência”.

“Atualmente, o Brasil lidera um grupo de trabalho do Comité Internacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, que tem vindo a atuar na certificação da produção de hidrogénio verde. Neste comité, acontece o debate com outros países sobre quais os atributos que definem o hidrogénio como renovável e os critérios mínimos a serem considerados em certificações”, adianta João Marques da Cruz. “Estar nesse grupo certamente colocará o país como um dos destaques neste mercado. Com a experiência e a aprendizagem adquiridas com a unidade de Pecém, poderemos contribuir de maneira mais assertiva para a expandir a produção de hidrogénio verde no país."

Porquê verde?

Dependendo dos métodos de produção, o hidrogénio pode ser cinzento, azul ou verde, as cores associadas para descrever as tecnologias do hidrogénio. O hidrogénio emite apenas água quando é queimado, mas a sua criação pode ser intensiva em carbono. No entanto, o hidrogénio verde é o único tipo produzido de forma neutra para o clima. Enquanto o cinzento produz 10 kg de CO2 por cada quilo de hidrogénio produzido, e o azul produz de 1 a 3 kg de CO2 por cada quilo de hidrogénio, o verde reduz quase a zero a emissão de CO2 dentro do processo, pois a eletrólise da água utiliza energias renováveis, como a solar e a eólica.

Razões para investir no Hidrogénio Verde

01
Nova commodity: o H₂ será a nova commodity energética mundial, substituindo a posição do petróleo.
02
SIN: Sistema Interligado Nacional de energia integrada de baixo carbono.
03
Indústria doméstica: perspetivas de uso do H₂ Verde em indústrias locais e projetos de mobilidade.
04
Leilão de H₂ (HPA): perspetivas concretas d leilões internacionais HPA para aquisição de H₂ Verde.
05
Posição geográfica: posição geográfica vantajosa para alcançar a Europa e a costa leste norte-americana.
06
UTE Pecém: avaliação energética do uso do hidrogénio verde em co-queima com óleo diesel e carvão mineral.

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