13 Mar 2024
5 min

A visão e perspetivas do grupo EDP para 2024

Num contexto geopolítico e regulatório cada vez mais complexo e volátil, a nova plataforma de energia do Global Energy Management (GEM) ganha uma importância crescente no grupo EDP. Pedro Vasconcelos fala ainda sobre a dinâmica e os planos de expansão para a região da Ásia-Pacífico (APAC).

Pedro Vasconcelos

Que posicionamento e tecnologias emergentes deve ser a aposta da EDP e qual o papel do GEM?

A EDP deve promover a maximização do valor do seu portfólio global e o potencial da sua posição integrada, fazendo uma gestão ativa da energia desde a produção à comercialização. Este é um fator crítico num contexto macroeconómico de maior volatilidade, e que acrescenta valor, dada a crescente complexidade regulatória e geopolítica, bem como um fator de diferenciação face a um panorama altamente competitivo e a clientes cada vez mais sofisticados.

O avanço da automatização e da digitalização desempenha um papel crucial na simplificação da análise avançada e das transações automatizadas através da análise de grandes volumes de dados. Tecnologias emergentes, como o armazenamento, são ferramentas essenciais para otimizar a flexibilidade, em particular na agregação e gestão de riscos, especialmente no que diz respeito à exposição dos mercados.

pedro vasconcelos

O GEM será, cada vez mais, uma importante plataforma de competitividade

O GEM (Global Energy Managment) será cada vez mais uma importante plataforma de competitividade para o ambicioso plano de crescimento da EDP como offtaker de energia, gestor/ colocador de energia nos mercados e na identificação de oportunidades de investimento que tragam flexibilidade e alarguem a nossa posição integrada. O desempenho do GEM foi já decisivo para os bons resultados que o grupo EDP apresentou no final de 2023. A expetativa para 2024 não é menos ambiciosa, mas os nossos objetivos e prioridades são claros: integrar ainda mais as nossas posições com a geração e alargar o âmbito geográfico para gerir os desvios a nível mundial, enquanto nos tornamos significativamente mais digitais.


"O desempenho do GEM foi já decisivo para os bons resultados que o grupo EDP apresentou no final de 2023. A expetativa para 2024 não é menos ambiciosa."


A região da APAC tem bases muito sólidas, mas ainda está numa fase inicial de maturidade

Desde que a EDP chegou à APAC (região da Ásia-Pacífico), mais do que duplicámos a nossa capacidade instalada e ultrapassámos o marco de 1 GW em apenas 18 meses, enquanto construímos um pipeline robusto para sustentar o compromisso de fornecer 1,5 GW adicionais no período do plano de negócios e a ambição de crescimento a longo prazo para tornar dez vezes maior a nossa capacidade durante esta década crítica para 5-7 GW até 2030.

A Ásia em geral e o Sudeste Asiático em particular têm um enorme potencial de descarbonização, mas estão também um passo atrás em termos da sua capacidade intrínseca de desenvolver as energias renováveis e, por conseguinte, a transição energética. Os países da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) têm uma interligação de rede muito limitada, o que dificulta a maximização da utilização dos recursos renováveis. O Governo de Singapura está a liderar a região com o objetivo de importar até 4 GW de energia renovável para o país, o que poderá ser um catalisador para a conetividade da região, podendo agregar uma população de até cerca de 2 mil milhões de habitantes, tendo Singapura como epicentro.

Olhando para o futuro e de um ponto de vista estratégico, a região da APAC tem bases muito sólidas, mas ainda está numa fase inicial de maturidade e por isso a curto prazo está a revelar-se muito dinâmica entre os mercados. Assim, é necessário reorientarmos os esforços de desenvolvimento, mantendo as opções de crescimento e continuarmos a ser eficientes na sua gestão, o que pode ser conseguido através de um leque de mercados ativos. De acordo com o princípio de aprofundar em vez de alargar, temos de seguir uma estratégia tecnológica de duas vias, combinando uma capacidade de ação a curto prazo da geração distribuída (DG) em alguns mercados como Singapura, China e outros como Taiwan e Vietname, com energia fotovoltaica centralizada e eólica onshore a médio e longo prazo no Japão, Austrália, Coreia do Sul, e potencialmente Vietname e Filipinas, bem como de projetos transfronteiriços que promovam a interligação da ASEAN. Nomeadamente, a importação de 400 MWac das Ilhas Riau, Indonésia, para Singapura, de acordo com a adjudicação condicional recebida.

Com um posicionamento cada vez mais consolidado e de liderança na região, as expetativas para 2024 são ainda maiores: continuar a proporcionar um crescimento acelerado e escalável da geração distribuída, enquanto se intensificam as capacidades da geração utility scale, combinando a experiência global do grupo e o know-how local dos mercados para desenvolver projetos de raiz.

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