A visão e perspetivas do grupo EDP para 2024
A inovação e a digitalização como pilares para a estratégia da EDP nos próximos anos, o papel que a geração convencional terá na criação de valor e de que forma as alterações regulatórias podem impactar o negócio são os temas abordados com Ana Paula Marques, membro do CAE responsável por estas áreas.
Em termos de inovação e digitalização, quais os planos para continuarmos a liderar nestas áreas e a impulsionar o crescimento do grupo em 2024?
A inovação e o digital são pilares-chave para a estratégia da EDP nos próximos anos.
Relativamente à inovação, queremos continuar a liderar e a impulsionar o crescimento do grupo em 2024 entregando valor aos negócios através dos nossos instrumentos de inovação, e reforçando a capacidade de foresight da EDP através da disseminação de uma cultura mais inovadora na organização, sempre em estreita colaboração com os negócios e de uma forma cada vez mais global. Depois de um ano de consolidação e melhoria do modelo de inovação, em 2024 vamos continuar a desenvolver internamente e entregar projetos de inovação com elevado potencial e que endereçam necessidades atuais e futuras dos diferentes negócios (com potenciais scale-ups).
Vamos também alavancar nos diferentes ecossistemas para identificar e testar soluções que possam trazer vantagens competitivas ao grupo, numa lógica de inovação aberta, e ao mesmo tempo identificar e investir em start-ups com elevado potencial estratégico e financeiro. Finalmente, continuaremos também a antecipar tendências de negócio, a desenvolver conhecimento para a EDP de forma sustentada e a promover cada vez mais a inovação dentro do grupo através dos vários canais disponíveis.
No que toca ao Digital, temos como principal objetivo para 2024 aprofundar um conjunto de linhas de ação já iniciadas e atualmente em curso.
Nestas linhas, é de destacar uma parceria em proximidade crescente com os Negócios, uma aposta clara na agilidade do funcionamento da própria DGU, uma promoção ativa da ambição da EDP no Digital e ainda um foco sistemático na eficiência e na criação de valor.
Detalhando um pouco, em termos mais concretos, a linha de ação da promoção do Digital através do grupo, iremos desenvolvê-la em 2024 em torno de três vetores complementares: acelerar a criação de valor que é entregue pelo Digital ao Negócio, consolidar de forma progressiva uma cultura Digital e novas formas de trabalhar na EDP, e ainda renovar a nossa ambição no Digital através da vertente de Data & AI.
Por último, é ainda de realçar o papel muito importante a desempenhar pelo Programa de Transformação DGU Now – já lançado em 2023 e em fase de implementação – como enabler fundamental para estas grandes linhas de atuação para 2024.
Continuaremos a antecipar tendências de negócio
Que papel terá a geração convencional na estratégia da empresa e quais os principais desafios que antevê?
O papel da geração convencional na entrega dos objetivos estratégicos do Grupo passa por quatro pilares: um forte contributo de cash-flow, criação de valor no portfolio hídrico, transição do portfolio térmico e preparação da empresa para o futuro.
No portfólio hídrico, queremos alavancar na estrutura existente através de investimentos em projetos de otimização, bombagem, hibridização e armazenamento.
No que toca à transição do portfólio térmico, queremos continuar a garantir que fazemos o caminho necessário para cumprir os compromissos do grupo de uma geração sem carvão até 2025. Por um lado, trabalharemos na otimização do portfólio através de parcerias para a conversão de gás natural e projetos de hibridização que vai exigir uma maior flexibilidade na adaptação dos ativos, na sua operação e no seu desempenho. Por outro, continuaremos empenhados na eliminação do carvão até 2025, que já começou em 2023 com importantes passos dados no encerramento das centrais a carvão em Espanha e ao início da conversão para gás em Aboño. Será fundamental garantir a entrega destes compromissos, preparando o descomissionamento de ativos e acelerando os projetos necessários para a transição justa dos mesmos.
"Outro desafio relevante passa pela transição do portfólio térmico, essencial para cumprir com os objetivos do grupo de uma geração sem carvão até 2025."
Como as constantes mudanças regulatórias podem impactar as operações e estratégia da empresa em 2024?
O setor energético carateriza-se pelos investimentos avultados que realiza, em particular no que respeita a geração e redes. São, tipicamente, investimentos com vida útil bastante longa e períodos de recuperação do investimento também longos.
Por isso, a previsibilidade e estabilidade do quadro legal e regulamentar é fundamental. A incerteza regulatória acrescenta risco ao negócio e pode mesmo colocar em causa a sua execução ou viabilidade. Ao nível europeu, o novo desenho do mercado elétrico acabou de ser aprovado. Introduz clareza no quadro regulatório, em particular no que respeita a investimento em energias renováveis e redes, o que é bastante positivo.
Também os Estados Unidos já têm em marcha o Inflation Reduction Act (IRA) promovendo a concretização da transição energética, com um horizonte temporal bem definido e montantes de apoio já fixados. As restantes geografias, com maior ou menor intensidade, também caminham nesse sentido. Este panorama, é globalmente positivo para a prossecução da estratégia da EDP em 2024 e anos seguintes.
No entanto, a dinâmica regulatória nunca para e há ainda vários desafios a ultrapassar, como é o caso do licensing e permitting em diversas geografias.
De salientar ainda que eventos não controláveis e inesperados podem voltar a lançar incerteza nas operações, mas o grupo já demonstrou no passado a sua resiliência e estou certa de que, a ocorrer novas situações, estaremos prontos para as enfrentar.