Entrevista ao novo presidente do CGS da EDP
"Ser moderado pode fazer falta no mundo em que estamos”
Com um percurso profissional sólido, em que imperou a diversidade e a vontade de viver por dentro cada nova experiência, António Lobo Xavier embarca, agora, num novo desafio - a presidência do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. Figura ponderada e reflexiva, descreve-se como um homem livre, auto-crítico e promotor de consensos em todas as dimensões da sua vida. Confiante de que estará à altura da mais recente missão, faz questão de se ver como parte de algo maior, em que todos os que o rodeiam são determinantes.
Quem é António Lobo Xavier?
Nasci em 1959, na cidade de Coimbra, onde o meu pai era professor, e numa altura em que o país era completamente diferente. Hoje, tenho 64 anos, quatro filhos e quatro netos. Uma vida familiar de 37 anos, que é a parte mais importante da minha vida, que eu procuro preservar e cuidar. Não faço nada sem o conselho familiar. Não é vinculativo, mas gosto sempre de ouvir um parecer.
Depois, fui na maior parte do meu tempo um jurista. Era um professor de Direito mas sempre fui um jurista, e depois um advogado de corporate. Neste papel, comecei a interessar-me pela vida interna das companhias e quis sempre fazer parte dela. Nunca gostei de ser um advogado de escritório que nunca fazia parte da estratégia nem conhecia as discussões sobre as operações. Desde muito cedo comecei a ter posições executivas. Fui executivo de uma empresa cotada, a SIVA (retalho de automóveis) antes de fazer 40 anos, o que era, na altura, uma coisa rara. Depois, fui administrador executivo por mais de dez anos na Sonaecom. Depois dessa fase, tive muitos papéis não executivos em várias áreas: têxtil, vinhos, embalagem de vidro, na NOS e no BPI (Banco Português de Investimento), onde era vice-presidente antes de vir para a EDP. Portanto, sempre tive essa vida dividida: metade no escritório, metade nas companhias. Os executivos e os acionistas sempre aceitaram que eu tivesse um pé na vida da advocacia, que é uma vida bastante livre. E do lado da vida livre também aceitavam que eu tivesse uma presença especial nas companhias.
Não sei se estou arrependido, mas a minha vida política parou no último lugar político de direção partidária. Foi antes de começar o século XXI. Fui deixando a política pois a vida profissional ia absorvendo completamente o meu tempo. Mas mantive uma ligação à vida política, através de um programa que foi o mais antigo de debate político de Portugal. Tive uma presença que durou trinta anos. O programa, hoje, chama-se “Princípio da Incerteza”, mas foi tendo vários nomes consoante as estações televisivas. Isso permitia-me acompanhar a vida política. Agora, foi algo que também deixei, pois a opção pela EDP implicava o fim da advocacia e o fim do comentário político livre, pois não são compatíveis. Fiquei quase só com a EDP e os meus hobbies.
E que hobbies são esses?
Para conhecer as pessoas acho que é importante saber o que elas fazem nos tempos livres. Quase toda a minha vida fiz motocross, algo um pouco agressivo para a minha idade, mas que ainda faço quando o tempo está bom. Mas a idade obrigou-me a evoluir para mountain bike, para bicicletas elétricas de montanha. Exige muito esforço também, mas mais suave. Toco guitarra e tenho uma grande coleção de guitarras - desproporcionada relativamente à arte que tenho para as tocar.
No meu escritório tinha uma banda de rock, com a qual toco, frequentemente, em família, em encontros de amigos, em casamentos de filhos de amigos... Aliás, a única coisa que negociei com o meu escritório antes de cessar a completamente a relação e vir para a EDP foi: “posso continuar a tocar na banda do escritório?”. Gosto também muito de cozinhar e, obviamente, gosto de ler, filmes, TV, viajar, essas coisas de que toda a gente gosta.
Não faço nada sem o conselho familiar. Não é vinculativo, mas gosto sempre de ouvir um parecer.”
Estamos perante um homem de família, que até na família procura o consenso, que tem esta ligação à aventura e que valoriza muito a sua liberdade. O que é que de tudo isto trará para a EDP e para este cargo que agora vai desempenhar?
A liberdade é algo muito importante. Lembro-me que o meu pai estava bastante doente, há 30 anos, quando eu estava para aceitar o meu primeiro lugar executivo operacional na Sonaecom. E lembro-me que ele, que era bastante livre, mesmo na sala de operações quando já estava muito doente, disse-me: “É muito cedo para tomares essa opção. Mantém a tua liberdade”. E eu escolhi não entrar para a Sonae nessa altura.
Há um segundo momento da minha vida, em que um professor meu, ex-ministro português, suspendeu as aulas para ir para o Governo e disse aos alunos, na altura: “Não julguem que se livraram definitivamente de mim, porque eu trago sempre as chaves do carro no meu bolso.”
Eu venho para a EDP e a minha sensação de liberdade é essa: eu trago as chaves do carro no meu bolso. Venho para cumprir uma função o melhor que eu puder, ajudar a produzir valor para os acionistas, a cumprir as regras legais e as funções que estão nos estatutos, colaborar com as pessoas da EDP, mas terei sempre as chaves do carro no meu bolso. Seria horrível se corresse mal, mas eu sei que as tenho. E às vezes até toco nelas fisicamente.
Não estou dependente de carreiras ou de ligações, estou comprometido com os objetivos da função. E se não funcionar bem, também está tudo bem para mim. Mas vou procurar que os colaboradores e os acionistas da empresa não percam tempo com a minha presença e que ganhem alguma coisa com ela.
De que forma experiências tão distintas na sua vida moldaram a sua personalidade?
Sou uma pessoa muito crítica dos outros, com muita ironia. Quando somos assim ficamos hiper autocríticos e, às vezes, até um pouco inseguros.O que mais moldou a minha vida? O Direito, o respeito pelas regras e pelo sistema jurídico. Depois, o estilo de conversa com os outros. Trinta anos de debate na televisão, muitas vezes agressivo, formatou-me, sem eu sentir. Além disso, as pessoas têm um certo feitio - há pessoas que são fechadas, eu sou extrovertido; há pessoas que são concentradas no detalhe, eu sou uma pessoa da visão geral.
Quando estava na Sonae, fui à Suíça fazer uma formação que se chamava “Understanding the self, understanding the others”. Hoje sou obcecado com isso: temos de perceber os outros e de perceber como os outros nos vêem. As pessoas são todas diferentes, e a mesma frase para uns pode parecer uma ordem, para outros pode parecer uma agressão e para outros uma simples piada. Habituei-me a ter muito isso em conta. No resto, sou o que sempre fui, as várias funções que tive não me mudaram, essencialmente.
“Eu venho para a EDP e a minha sensação de liberdade é essa: eu trago as chaves do carro no meu bolso.”
Essa diversidade de experiências foi algo que tenha procurado proativamente?
Sinto que tive muita sorte. As pessoas tiveram muita paciência comigo, e é certo que eu também tenho tido muita paciência para as pessoas. Por exemplo, eu lembro-me de ter entrado para a Sonae e de me ser permitido que eu fosse executivo 70% do tempo e livre 30%. Tive a sorte das pessoas perceberem que eu não poderia estar fechado num sítio, que não seria a mesma pessoa. Não procurei a diversidade, mas sempre gostei de fazer várias coisas. Eu sabia que seria infeliz se me fechasse só num sítio.
O seu percurso profissional foi também sempre marcado pela exposição pública. O que lhe trouxe esta exposição?
Quando olhamos, hoje, para a exposição pública, vemos o quão trágica e dramática ela é - pode destruir e arruinar a paz de pessoas, de famílias inteiras. Outra sorte que tive é que vivi noutro tempo. Tive essa experiência de exposição pública quando não havia redes sociais, grande radicalismo ou divisões em blocos. Isso permitiu-me, se fizesse bem, ser respeitado por todas as pessoas. As pessoas em que eu mais confiava na Assembleia da República, em matérias técnicas, chegaram a ser do Partido Comunista Português. Isso hoje deixou de ser possível. As pessoas estão divididas em trincheiras. Os outros são sempre péssimos.
Não há meios caminhos. E, portanto, a exposição pública, hoje, pode matar as pessoas. No meu caso só me trouxe benefícios, mas também experimentei isso num tempo em que era mais fácil.
Há pouco falou dos outros terem paciência consigo, falou já várias vezes de sorte, mas a sorte faz-se também…
Trabalhei sempre muito, procurei ser sempre o melhor e tenho umas certas angústias no que diz respeito à perfeição. A maior angústia antes de vir para a EDP, era perceber “serei eu capaz de fazer isto?”. Os meus consultores e mentores pessoais diziam-me que sim, mas eu demorei um tempo a convencer-me.
E em que medida é que todo o seu percurso o irá preparar para o cargo que agora irá desempenhar na EDP?
A vida habitou-me a rigor, a legalidade, a respeito sagrado pelo dinheiro e pelo valor dos outros. E, depois, aprender sobre os negócios e sua linguagem, os números, as estratégias. Sempre fui preparado para olhar para os números e perceber os sinais, para olhar para um plano estratégico e perceber quais os desafios. Acho que estou preparado para estas novas funções. Mas é um mundo novo. Neste momento, estou numa induction intensiva com consultores de diferentes áreas para perceber melhor os desafios. Os executivos da EDP têm sido incansáveis a introduzirem-me no negócio, com muita profundidade, não escondendo nada. Portanto, acho que dentro de um tempo estarei em velocidade de cruzeiro.
"Estou preparado para estas novas funções.”
Já consegue perceber quais vão ser as suas prioridades e os maiores desafios que tem pela frente?
Consigo, não sei se consigo falar deles de uma forma totalmente clara. Explicando melhor, tarefas como as que tenho pela frente no CGS tem várias linhas. Em primeiro lugar, vou dirigir um conjunto de pessoas das quais só conheço três ou quatro. Portanto, tenho, em primeiro lugar, de convencer, no sentido de negócio, aquelas pessoas que estou no lugar certo para as dirigir. A liderança é algo que precisa de legitimidade.
Depois, este CGS tem funções raras no contexto português. Este órgão mistura responsabilidades de conselho de administração, com responsabilidades de conselho fiscal, com responsabilidades de assembleia geral. É muito difícil de gerir. São funções muito variadas. Tenho de ter em atenção os acionistas e de ver as suas pretensões e preocupações, gerir a informação e a discussão com eles. Depois tenho de colaborar com os executivos, não só para conhecer o negócio, mas também para participar na definição da estratégia a médio e longo prazo. E, depois, tenho de os “controlar” e fiscalizar, de assegurar que cumprem as regras, de perceber quais são os riscos para a EDP e onde estamos bem… ou seja, é uma mistura de funções que eu nunca tive e que, aliás, pouca gente teve.
Foi por isso, por ser um grande desafio, que aceitou este convite?
Vou ser sincero: eu não sou o género de pessoa que está sempre à procura de desafios. Na verdade, a minha tendência intuitiva é de paz e tranquilidade.
Então o que o motivou?
Há fases na vida. Chegou uma altura na vida de advogado que achava que tinha de fechar. Senti que já estava cansado. O mesmo aconteceu na parte da advocacia corporativa. A política também estava a chegar ao mesmo ponto, em que ou saía ou avançava. Eu funciono por exclusão de partes. A EDP é um chamamento, é a maior empresa portuguesa, com a maior diversidade geográfica, há uma expetativa e uma ambição fantástica. Mas eu, entre estar sossegado e com grandes desafios e stress, prefiro estar sossegado.
Que visão é que tem para o futuro da EDP?
Seria muito arrogante se tivesse já certezas sobre isso. Eu vejo que a EDP, entre outras coisas, conseguiu chegar a uma posição ímpar no mundo em matéria de sustentabilidade. O reconhecimento público, quer da empresa em si, quer até dos seus executivos, mostram que a EDP está na linha da frente da modernidade. A modernidade do mundo não são as guerras ou os conflitos: é a transição energética e a sustentabilidade, os seus valores core. E aí a EDP está na linha da frente. Acho que proteger essa posição, criando valor, é o desafio mais importante da companhia.
A transição energética é, de facto, o core da EDP, num mundo que ainda procura consensos no combate às alterações climáticas. Que papel deve ter a EDP num dossier que tanto depende de cooperação internacional?
Nós estamos numa situação internacional em que há, novamente, enormes forças de recuo. O mundo do “oil & gas” está com mais força hoje, paradoxalmente, do que tinha há dois anos. Isso é fruto de várias razões, entre elas a incerteza do mundo, das crises económicas, as guerras, a própria pandemia e as dificuldades geopolíticas. A EDP estava na linha da frente da transição energética, levava a bandeira, de repente para o mundo, isso já não é um valor assim tão aceite. Há muitas pressões para que se proteja um valor de curto prazo recuando na passada da transição energética. Esse é um dos grandes desafios: convencer os stakeholders da EDP de que o trajeto continua a ser importante, mesmo do ponto de vista da criação de valor. Já não se trata apenas de uma missão de salvar o mundo, é também uma missão de se contribuir para a sustentabilidade do mundo, mas produzindo valor. Isso hoje nem sempre está claro.
O reconhecimento público, quer da empresa em si, quer até dos seus executivos, mostram que a EDP está na linha da frente da modernidade.
Que perspetiva tem sobre os protestos dos ativistas do clima?
Eu distingo ativistas do clima dos ativistas radicais do clima. Não tenho grande respeito por estes últimos, que cometem crimes na sua forma de ativismo radical. E confesso que escolhem mal os alvos. No caso da EDP, ainda mais, porque a empresa é hoje praticamente limpa, abandonou, não sem dificuldades, as energias fósseis. Uma atividade radical dos defensores do clima contra a EDP é ridículo.
Como devem empresas que estão a investir na mudança de paradigma, como a EDP, responder às acusações de greenwashing?
Greenwashing, não sei como. No caso da EDP, são brutal facts: estão lá as eólicas, as barragens, os painéis solares, não há grande discussão. Alguém conhece outra maneira de fazer de forma tão acelerada a transição para uma produção de energia limpa? Se a EDP não é uma espécie de oásis no mundo da energia, então isso não existe. Só na vida selvagem é que não se usa água ou aquecimento.
Como é que conseguimos construir pontes com esta geração mais jovem para sermos todos parte de um mesmo caminho?
As gerações mais novas têm mais idealismo, mas isso é uma coisa comum a todas. Eu também tinha bastante mais força e mais idealismo quando tinha 18 anos e, portanto, isso é respeitável. Por outro lado, há algo que é verdade: o mundo está feito contra as gerações mais novas. Daqui a 30 anos, eles estarão aqui para pagar uma série de faturas.
Este tipo de ativismo a que temos assistido é espalhafatoso, param-se estradas, atravessam-se pontes, põem-se cartazes e atiram-se latas de tinta, mas não há um discurso estruturado a mostrar que a vida nas sociedades industriais democráticas está um pouco organizada contra o futuro e contra os mais novos e sempre na proteção dos mais velhos.
Como é que se faz um mundo em que se protegem os mais velhos e a esperança de vida crescente, mas ao mesmo tempo se dá ar para respirar aos mais novos? Esse é o grande desafio.
Daqui a 30 anos seguramente também olharemos para o tema da inteligência artificial de outra perspetiva. Estamos perante um risco ou uma oportunidade?
Todas as oportunidades têm riscos. Para uma mente aberta e que gosta de progresso, é muito difícil olhar para aquilo que a inteligência artificial assegura e ver mais riscos do que oportunidades.
As oportunidades são esmagadoras.Todas as revoluções tiveram custos sociais brutais. Para a nossa mentalidade atual não estamos preparados para esses custos sociais, nem os queremos.
E portanto, aquelas oportunidades da inteligência artificial só são boas para a nossa mentalidade democrática e social, como eu vejo no espaço da Europa, por exemplo, se conseguirmos travar as consequências sociais. Se elas forem tratadas num modo Darwinista, isto é, sobrevive quem se adaptar melhor, será uma tragédia.
Se nós tivermos inteligência para conseguirmos compensar os efeitos sociais, que porventura serão maiores do que na revolução industrial, se nós tivermos inteligência e criatividade para isso, ela será muito útil.
Não sou uma pessoa de cortar a direito, de viver ou de morrer sobre a espada.”
E como vê o impacto da inteligência artificial no setor da energia?
Em quase todos os domínios. Desde as simplificações das redes até à tecnologia de gestão de redes, até também às formas de produção da própria energia, mesmo as mais limpas, passando pela comercialização e a relação com o cliente.
As pessoas vão ter de adaptar as suas vidas e as suas profissões face àquelas novas ferramentas. Não vai ser para todos. Porque vai ser preciso estudar, vai ser preciso ter capacidades. Na EDP, apesar de toda a modernidade e tecnologia da empresa, nós temos um conjunto muito grande de colaboradores. As transformações têm de ser trabalhadas e pensadas em função da vida desses colaboradores. E, portanto, esse equilíbrio ainda não está estudado, e é a parte mais difícil da equação.
O mundo também está também a atravessar uma fase muito sensível em termos de geopolítica. E o próprio setor em que a EDP está inserido também é muito sensível geopoliticamente. Como é que vê o seu papel neste contexto?
Eu espero ter o mínimo de problemas geopolíticos, mas não os ignoro. A EDP está em várias geografias. É algo a que eu estou habituado, sobretudo na minha experiência na embalagem de vidro. A BA Glass, onde eu fui administrador há um tempo, tem presença no México, Roménia, Bulgária, Polónia, Grécia, Espanha, Portugal, já teve o Brasil. Estou habituado a perceber as diferenças das jurisdições: do sistema legal, do sistema de pensamento, do sistema cultural.
A EDP tem uma enorme diversidade, o que é uma ajuda. Se as coisas estão a correr mal num lado, podem estar a correr bem no outro. Mas é algo muito difícil de gerir. Não quero exagerar, mas em grande medida, uma parte do mundo está em pré-guerra. Todos os negócios com exposição a muitas geografias têm o drama da geopolítica. A EDP também. Depois também temos acionistas variados, com perspetivas diferentes sobre o mundo.
Eu julgo que o que se espera de mim - que tenho experiência política e até fiz parte de um Conselho de Estado - é que tenha alguma capacidade para proteger os interesses da EDP em presença de tantas diferenças. Quer das jurisdições, quer até dos estilos e dos perfis culturais de acionistas, e dos perfis culturais dos colaboradores. Em princípio, teoricamente, julgo que quem me convidou tem a ideia de que sou alguém habituado a estabelecer consensos, E ser compromissório e moderado pode, de algum modo, fazer falta no mundo em que estamos. Vamos ver se serve para alguma coisa.
E é essa a principal mensagem que quer passar aos colaboradores, acionistas e stakeholders: a de um homem de consensos?
Eu tenho consciência de todas as dificuldades. Tenho consciência de todos os sucessos. Tenho consciência dos equilíbrios que é preciso fazer para continuarmos neste caminho com sucesso. Não sou uma pessoa de cortar a direito, de viver ou de morrer sobre a espada. Não é o meu estilo. E acho que esse estilo de equilíbrio é importante num papel como o meu.