19 Mar 2015
5 min

A EDP acompanha a história de um país, democratizando a energia e levando a todos a força fundamental para alimentar os sonhos de famílias e empresas. Ultrapassando fronteiras e unindo pessoas. 

Corria o ano de 1978 e Seia, a cidade na vertente ocidental da Serra da Estrela que ainda hoje é sede de concelho, era uma pequena “aldeia”. Luís Santos Matos tinha 18 anos e estava lá pela primeira vez, ao serviço da Eletricidade de Portugal, onde tinha acabado de entrar. Antes, trabalhava numa das 13 empresas que deram origem àquela empresa pública ao serem nacionalizadas em 1976.

Seia foi o ponto de partida. Embora jovem, Luís foi destacado para implementar o departamento de contabilidade e gestão de alguns municípios do centro do país que tinham sido integrados na EDP e formar a equipa à imagem do que a empresa pretendia. “Foram três anos de viagens. Criámos agências de atendimento ao público, cobrança e formámos eletricistas”, recorda, reconhecendo as dificuldades. “Era um rapaz novo, franzino, a ensinar os serviços a pessoas mais velhas e eles não me levavam muito a sério”, confessa.

Um dos desafios foi alterar hábitos enraizados. “Uma vez cheguei e as cobranças estavam atrasadas três a quatro meses”, conta. Como forma de recuperar esse atraso Luís foi falar com o padre de algumas freguesias e pediu-lhe para, na semana da cobrança da luz, avisar com antecedência os fiéis na missa. Remédio santo. Os pagamentos passaram a ser certos. Para além dos clientes ficarem assim avisados, os donos de algumas mercearias ofereciam-se até para pagar faturas de eletricidade de muitos dos seus clientes que normalmente não estavam em suas casas, mesmo antes de acertar as contas com os seus clientes, de forma a manter o negócio e fidelizar assim a sua clientela. “As cobranças aceleraram que foi uma coisa. O funcionário da EDP antes de iniciar a cobrança na zona, dirigia-se primeiro à mercearia buscar o dinheiro de muitos clientes da EDP, e só depois é que se dirigia às casas para receber dos restantes”, relata Luís.

“Não tive rotina na EDP. Acomodar-me? Não existiu. Ao longo destes 40 anos, fui sempre aprendendo coisas novas. A empresa criou condições para isso.”

Luís Santos Matos

Em 40 anos, a EDP criou uma marca de união e partilha, reunindo famílias e empresas e colocando a energia ao alcance de todos, enquanto se abria à privatização.

Em 1991, Luís ingressou no novo departamento de Regulação do Tejo e Lisboa, onde continua hoje.

1ª fase – junho de 1997: Começar pelo princípio

Foram 179.960.000 as ações que passaram da esfera pública para 770 mil acionistas no primeiro momento de privatização da EDP. A oferta pública de venda (OPV) no mercado português e junto de investidores institucionais, portugueses e estrangeiros, abriu a porta a um projeto que ganhava, cada vez mais, a energia dos anos 1990. Com o valor nominal de 1.000 escudos e com um prémio de fidelidade (1 ação por cada 25 ações subscritas e detidas por mais de um ano por acionistas pequenos, emigrantes e trabalhadores da EDP), as primeiras ações da EDP a verem a luz do dia representavam 30% do capital da empresa.

2ª fase – maio de 1998: À procura de um parceiro

Com o objetivo de um contributo positivo para a modernização e aumento da competitividade da EDP, a escolha recaiu sobre a venda direta a um parceiro estratégico, a Iberdrola, que adquiriu 2,25% do capital, equivalente a 13.5000.000 ações.

3ª fase – junho de 1998: Consolidar o projeto

16,2% do capital passou para acionistas privados através de uma oferta pública de venda que garantia um prémio de fidelidade de 1 ação por cada 25 ações detidas. A procura dos investidores excedeu em mais de 51 vezes a oferta pública de ações

4ª fase – outubro de 2000: Maioria do capital na esfera privada

Se até aqui o Estado dominava a estrutura acionista da EDP, este foi o momento em que a maioria do capital passou para a esfera privada. Depois de um stock split (1 ação de 5 euros para 1 ação de 1 euro) em julho de 2000, o Estado passou a representar apenas 31,3% do capital na EDP aquando da venda de nova participação. O sucesso da operação de venda contrariou o cenário negativo nos mercados bolsistas, a subida do preço do petróleo e a queda do euro face ao dólar.

Mais Galp. Menos REN.
Por esta altura, a EDP aumenta a participação na Galp para os 14,27% e a aplicação da Diretiva Comunitária 96/92/CE leva à separação da REN das outras empresas do Grupo EDP, ficando o Estado o seu maior acionista, com 70% do capital social.

5ª fase – dezembro de 2004: Força para internacionalizar

A vontade de fortalecer a posição internacional abriu portas a uma nova etapa de privatização. O aumento de capital e a venda direta a investidores de referência para suportar uma aquisição adicional de 56,2% da Hidrocantábrico, reduziu a participação estatal para os 25,3%.

6ª fase – dezembro de 2005: Impacto zero na estrutura acionista

Este foi o único passo de reprivatização da EDP que não culminou numa redução da participação do Estado português, através da Parpública - Participações do Estado (SGPS) S.A.. A emissão de 572,8 milhões de euros de obrigações convertíveis em ações correspondentes a 4,376% do capital resultou num pagamento de todos os cupões até ao final do prazo, sem que os obrigacionistas tivessem realizado qualquer conversão em ações.

7ª fase – novembro de 2007: O começo do fim da privatização

2007 é um ano “verde” para a EDP, com a aquisição da norte-americana Horizon Energy que coloca a EDP no topo das energias renováveis. Mas 2007 também é ano de nova vaga de privatização. As obrigações permutáveis emitidas a 15 de novembro de 2007, pelo prazo de 7 anos, representativas de 4,14% do capital social da EDP, agora Energias de Portugal, S.A. viriam a tornar o processo de saída do Estado do capital um pouco mais longo. Em 2013, com a transformação das obrigações em 4,14% do capital da EDP, a EDP tornou-se totalmente privada.

2,35 €: Preço por ação pago pelos investidores institucionais estrangeiros

8ª fase – outubro de 2011: O processo final

Foi da China que veio o novo parceiro de referência de uma cada vez mais multinacional EDP. A China Three Gorges foi a empresa escolhida pelo Estado Português na última ronda de privatização, vencendo a concorrência das marcas brasileiras Eletrobras e Cemig e da alemã E.ON. 21,35% do capital deram à empresa chinesa a maior participação acionista como contrapartida de 2,69 mil milhões de euros e da abertura de linhas de financiamento fundamentais para o futuro da EDP.

Luís Santos Matos completou recentemente 40 anos de casa. E acredita que ainda estará por cá mais tempo. “Pré-reforma? Nem pensar. Não me passa pela cabeça. Há ainda muita coisa a aprender”, acredita.

Ao longo dos últimos anos, a EDP cresceu, evolui e ultrapassou fronteiras, enquanto ia recompondo a sua estrutura acionista e ganhando robustez para responder aos desafios globais. Com presença em 19 países, a geografia atual do Grupo EDP estende-se a todo o globo.

Considerada uma das marcas mais valiosas a nível mundial, a EDP é um dos principais players de energia eólica, um dos maiores operadores energéticos da Península Ibérica e o maior grupo industrial de Portugal.

 

100%

A EDP é uma empresa totalmente privatizada desde 14 de fevereiro de 2013

 

17 anos

Duração do processo de privatização da EDP

 

2.693.186.548 €

Preço global da alienação da posição do Estado Português na estrutura acionista da EDP