As alterações climáticas estão a causar cada vez mais fenómenos extremos e a pôr em risco a própria sobrevivência humana.
Tempestades e frio glacial, ondas de calor e incêndios catastróficos e uma temperatura média constantemente a subir. O tempo de estudar e debater soluções está a acabar.
É, definitivamente, hora de mudar.
São uma das maiores ameaças mundiais do século XXI, não apenas para o ambiente. As alterações climáticas têm vindo a acentuar-se drasticamente nas últimas décadas, com variações significativas e prolongadas a nível global.
Os efeitos, esses, são bastante locais, traduzindo-se em eventos extremos de frio e calor que desequilibram ecossistemas e chegam a ameaçar a sobrevivência da espécie humana em determinadas regiões. Está tudo interligado com o degelo dos polos, o aumento do nível do mar e a acidificação da água, provocada pelo aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2). É tempo de agir, agora ou nunca.
A BBC compilou recentemente uma lista de pontos negros das alterações climáticas, sustentada detalhadamente em dados científicos e gráficos, com previsões muito pessimistas sobre o futuro se optarmos pela inação. E cruzando esses parâmetros com uma lista exaustiva da Comissão Europeia sobre consequências que já se fazem sentir, chegamos a quatro grandes desafios.
1. Planeta nitidamente a aquecer
O planeta Terra está a ficar mais quente de dia para dia. Não é uma questão de sensação ou crença, é um facto. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, da ONU, a temperatura média do globo está 1ºC acima do que estava na era industrial, nos finais do século XIX.
Já a norte-americana NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), indica que 2019 foi o segundo ano mais quente desde que há registos (1880), ultrapassado apenas por 2016. Foram quebrados quase 400 recordes de temperatura máxima só no verão de 2019 e apenas no Hemisfério Norte, a maior parte deles em países europeus.
2. Cidades sob aviso
Seja através de frio ou de calor, com maior ou menor intensidade, todos os países do mundo vão acabar por ser afetados pelas alterações climáticas. E as cidades, pela elevada concentração de pessoas e localização, estão na linha da frente, enfrentando cada vez mais tempestades, furacões ou secas, sem esquecer o aumento dos níveis da água do mar.
A população mundial está cada vez mais urbana, com 50% das pessoas a viverem em cidades, e estima-se que essa percentagem chegue a 70% nos próximos 50 anos. Os desafios são enormes, pois mesmo no nível atual, as cidades ezonas urbanas já representam 75% das emissões de CO2. É preciso reinventar as cidades e alterar o seu funcionamento, seja ao nível da mobilidade, do uso da água ou do saneamento, sem esquecer a adaptação aos efeitos adversos do clima.
3. Oceanos em risco
O efeito da temperatura alta e do degelo nos oceanos não se fica pelo aumento do nível da água. É todo um ecossistema, ou vários, ameaçado pela maior absorção de CO2, que torna os oceanos mais quentes e ácidose afeta profundamente as correntes marinhas, que por sua vez afetam toda a vida aquática, as zonas costeiras e o próprio interior dos continentes. Basta pensar que animais e plantas demoraram milhares e milhares de anos a adaptarem-se a condições de vida específicas - daí toda a diversidade que o nosso planeta sustenta -, pelo que, para muitas espécies, dois ou três séculos tornam praticamente impossível uma nova adaptação.
O passo seguinte é inverter a tendência atual, reduzindo drasticamente as emissões poluentes, evitando desta forma que se espalhem pela atmosfera e desequilibrem os oceanos. Tudo com o objetivo de travar o aumento da temperatura média nos 1,5 °C. Parece pouco, mas pode fazer toda a diferença. Parece fácil, mas é uma tarefa hercúlea.
4. Opostos atraem-se cada vez mais
Os fenómenos extremos de frio e calor têm provocado catástrofes um pouco por todo o mundo e a tendência, infelizmente, é para crescerem. De acordo com um relatório de 2018 do IPCC (Painel Internacional para as Alterações Climáticas),uma diferença de 0,5º no aumento de temperatura é suficiente para fazer disparar a probabilidade de acontecimentos catastróficos.
Cheias, secas e incêndios vão ser mais intensos e frequentes e afetar cada vez mais pessoas. Temos de aprender a viver em condições que ainda nos são desconhecidas, adaptar os nossos modos de vida e reforçar a resiliência de infraestruturas, cidades e da economia em geral.
As recomendações da Comissão Global para a Adaptação às Alterações Climáticas:
- Partilhar o conhecimento dos reais riscos climáticos pelos diferentes agentes urbanos;
- Aproveitar o conhecimento da natureza para responder a riscos;
- Melhorar as condições de vida das comunidades mais vulneráveis usando o seu próprio conhecimento;
- Aumentar o investimento em soluções de resiliência climática.