De norte a sul de Portugal, o nosso país está repleto de tradições que merecem ser preservadas e passadas às gerações mais novas.
Esta edição são mais dez projetos que a EDP vai apoiar no âmbito do Programa Tradições, com o intuito de promover as tradições portuguesas.
Diz-se por aí que é impossível escaparmos ao nosso passado. E a verdade é que, tal como cada um de nós é fruto das suas vivências, também a história de um país, de um povo ou até de uma comunidade é escrita com as letras da experiência e das tradições. Há origens que se perdem no tempo, mas se hoje não passamos sem um delicioso doce conventual à sobremesa, se não dispensamos as sardinhas nos santos populares, ou até se gostamos de decorar as nossas casas com os famosos tapetes de Arraiolos, é porque alguém criou essas tradições, que foram sendo passadas até chegarem a nós.
Mas apesar de o passado e o presente serem dois fios entrelaçados, há muitas tradições portuguesas que, infelizmente, se estão a perder. O facto de, hoje em dia, a informação circular quase à velocidade da luz, faz com que mais rapidamente as artes ancestrais do nosso país caiam no esquecimento. O imediatismo e o efémero tomaram conta das nossas vidas e as ligações que estabelecemos através da tecnologia deixam cada vez mais de lado a procura de relações com o passado e com as nossas raízes. E a dificuldade em preservar tradições aumenta ainda mais quando as entidades que o querem fazer não dispõem dos meios financeiros necessários para tal.
É aqui que entra o Programa Tradições da EDP.
Há seis anos a ajudar a manter vivas as nossas origens
Nasceu em 2015 e é um dos mais importantes programas nacionais de apoio à cultura portuguesa. O Tradições “é o único programa na esfera empresarial portuguesa que trabalha ao nível de preservar as memórias e costumes locais”, explica Helena Gomes, a gestora deste Programa. O projeto foi criado pela EDP tendo em conta o feedback das comunidades, que frequentemente pediam programas que as ajudassem a desenvolver as suas regiões. Para além de querer reforçar as relações de proximidade entre a marca e as comunidades, o Tradições é uma iniciativa que visa financiar e acompanhar projetos que valorizam e salvaguardam as tradições nacionais, ajudando a desenvolver as regiões do país onde elas se inserem através da criação de um futuro sustentável em que a inovação vive aliada às origens e à cultura popular.
“É importante que haja cada vez mais iniciativas como esta da EDP, que se preocupa com a riqueza cultural e histórica das comunidades portuguesas e vai em busca de reavivar essas mesmas tradições.” Helena Gomes, gestora do Programa Tradições
Traduzido em números, ao longo das três edições anteriores, o Programa Tradições apoiou 36 projetos com um montante total de 530 mil euros. Com um impacto direto em 25 municípios, o investimento da EDP já ajudou a alavancar mais de 1 milhão de euros nas comunidades e alguns dos projetos vencedores até foram nomeados para a lista das Sete Maravilhas da Cultura Popular Portuguesa.
Os vencedores da 4ª edição
Primeiro, todas as candidaturas foram analisadas por uma consultora para verificar se cumpriam os requisitos base; de seguida, foram levadas a um júri que, recorrendo a uma variedade de critérios, fez uma avaliação qualitativa dos projetos e selecionou alguns potenciais vencedores; por fim, esses projetos foram avaliados por um outro júri, externo à EDP e composto por personalidades da área sociocultural, que indicou os grandes vencedores. Foi este rigoroso processo de seleção que levou à escolha dos projetos que vão ser apoiados pela EDP este ano.
De 68 candidaturas, que chegaram de todo o país, 10 foram selecionadas: Memórias e Tradições do Estrela Geopark Mundial da UNESCO, Casa da Memória de Sines, Salvaguarda e Revitalização das Artes Tradicionais da Festa dos Tabuleiros, Bailes Mandados, Roteiros de Saberes e Sabores de Lares, “Os Barrocos” da Olaria de Paranhos da Beira e Carvalhal da Louça, Papachurra - Revitalizar o Cobertor de Papa Elaborado com Lã Churra, Escolinha da Seda, Linho Artesanal e Festas do Império do Divino Espírito Santo de Alenquer.
Estes projetos foram escolhidos pela sua relevância histórica e social e pelo impacto que podem ter na criação de emprego e na sustentabilidade da região. Agora, vão ser apoiados com uma verba de 213 mil euros, destinada ao desenvolvimento das ações de promoção que se propuseram a realizar. O objetivo é não só recuperar artes e costumes quase em extinção, mas também promover a memória dessas tradições e ajudar a passá-las de geração em geração, contribuindo para a valorização da comunidade.
O apoio financeiro dado pela EDP irá servir para ajudar a concretizar os planos futuros, como a criação de acervos de informação para dar a conhecer as tradições, o desenvolvimento de workshops para capacitação das comunidades, a organização de visitas a pontos de interesse, a criação de parcerias que ajudem a dinamizar os projetos, a formação de mão-de-obra ou até a reabilitação de instalações para melhorar as condições de trabalho. Mas, apesar de cada projeto ter as suas próprias ideias, há um propósito transversal a todos: o objetivo de criar um sentido de pertença na comunidade e levar os mais jovens a criar e manter uma relação com as suas raízes. O que nem sempre significa o recurso à tecnologia e a técnicas mais modernas.
Tratando-se da transmissão de património imaterial, é natural que as formas de vivenciar a tradição se alterem ao longo do tempo. E, apesar de para a EDP ser importante que os projetos adotem conteúdos mais modernos e digitais para atingirem um público maior, a verdade é que nem sempre há essa necessidade ou capacidade por parte dos projetos. Assim, “o que tentamos é que as tradições sejam transmitidas sempre que possível às gerações mais novas e, com a curiosidade natural que esse público aporta, teremos formas diferentes e inovadoras de viver essas mesmas tradições”, explica Helena Gomes.
E acreditamos que o sucesso deste Programa se deve precisamente ao facto das intenções da EDP andarem sempre de mãos dadas com os sentimentos de quem quer preservar as tradições da sua terra:
“Este prémio é muito importante para nós, não só pela parte monetária (...), mas essencialmente pela parte motivacional, o dar valor às nossas tradições, às nossas raízes, à nossa identidade coletiva. Faz com que uma comunidade se possa juntar, trabalhar e garantir a preservação do que é nosso, que nos define e que de alguma forma nos liga para sempre… e que desta forma irá continuar vivo”, diz Fernanda Santos, presidente de direção da Sociedade de Instrução e Recreio de Lares, um dos projetos vencedores.
O que o futuro reserva
Já é oficial: a quinta edição do Programa Tradições está garantida e o objetivo é fazer ainda mais e melhor. Para já, os planos passam por conseguir com que cada vez mais jovens ganhem interesse por aquilo que é tradicional e, o facto de o vintage estar novamente in, pode ser uma grande mais-valia.
“A tecnologia aliada às atividades rurais e ao património está a entrar agora em voga, o que pode fazer com que os jovens com o seu espírito de aventura e empreendedorismo queiram agarrar em projetos deste género. É muito gratificante para nós ver que existem já estudantes que tomam como seus os projetos que estas entidades desenvolvem. Não só os jovens locais, como de todo o país e além fronteiras, começam a demonstrar interesse em integrar as pequenas comunidades de onde são originárias estas tradições. Dá-nos esperança a nós e às comunidades, pois as novas gerações são peça fundamental no futuro desenvolvimento destas tradições”, afirma Helena Gomes.