Graças a um projeto apoiado pelo Fundo A2E da EDP, Bigirimana Emmanuel conseguiu refazer a sua vida no Ruanda fazendo sapatos novos mais acessíveis para refugiados.
Esta é uma história de superação, em que a energia teve um papel crucial. À procura de melhores condições de vida Bigirimana Emmanuel, guarda de segurança, fugiu dos conflitos políticos do país mais pobre do mundo, o Burundi, e foi parar ao campo de refugiados de Mahama, no leste do Ruanda, em 2016. Quando lá chegou, não conseguiu emprego nem qualquer outra ocupação. Mas nem isso o fez desistir. “Um dos meus vizinhos era sapateiro e estava a mudar-se para Kigali para ter outra oportunidade de trabalho. Apercebi-me que podia aprender e fazer o mesmo trabalho que ele. Comecei a aprender em 2018 e, ao fim de três meses, já estava a reparar sapatos a um bom nível”, relembra.
Apesar de todas as contrariedades – não ter capital suficiente para começar a comprar as próprias matérias-primas para fazer sapatos novos e falta de eletricidade dentro do campo– Bigirimana persistiu. Começou a deslocar-se até às comunidades de acolhimento onde havia eletricidade, mas a verdade é que passar o tempo a viajar da sua oficina para a outra comunidade para reparar pequenos trabalhos que precisavam de eletricidade, não era viável.
A solução surgiu quando a eletricidade através da OffGridBox, projeto apoiado pelo Fundo A2E (Access to Energy) da EDP, chegou. “Apercebi-me de que era uma boa oportunidade. Abordei-os e eles não hesitaram em permitir que eu começasse a trabalhar na “box”, que fica perto do maior mercado do campo de refugiados. Foi uma oportunidade que me colocou mais perto dos clientes e não tive de perder tempo a viajar para a comunidade de acolhimento”.
A OffGridBox consiste numa unidade móvel e modular que fornece energia solar (através de painéis solares que estão instalados na parte superior) e água potável (quando integram sistemas de purificação de água). Essa OffGridBox fica diretamente ligada a negócios na sua proximidade para fornecer energia, mas serve também para carregamentos regulares de telemóveis e alugueres de kits solares (constituídos por lâmpadas + bateria).
No Ruanda instalaram-se seis OffGridBoxes em quatro campos de refugiados e uma comunidade de acolhimento que permitiram ligar 12 negócios locais à energia, distribuir 900 kits solares e ainda fazer cerca de 10.000 carregamentos de telemóvel por mês.
Agora, passados cerca de dois anos desde que começou a trabalhar com a OffGridBox, Bigirimana Emmanuel, começou a fazer sapatos novos muito mais acessíveis para os refugiados, uma vez que o custo de fabrico dos sapatos diminuiu. “Antes de começar a trabalhar com este sistema tinha um capital de 180.000 Rwf (franco ruandês) [~160€], agora tenho 450.000 Rwf [~400€], porque os sapatos novos dão muito lucro”.
Fundo A2E
Em 2018, a EDP lançou o Fundo A2E para apoiar projetos de energias renováveis que promovam o desenvolvimento ambiental, social e económico das comunidades rurais nos países em desenvolvimento.
O Fundo A2E foca-se em cinco grandes sectores para os quais a energia tem um contributo crucial: educação, saúde, água, comunidade e empresas.
Com 5 edições em curso, a EDP recebeu mais de 730 candidaturas e seleccionou 38 projetos em Moçambique, Malawi, Nigéria, Quénia, Tanzânia, Angola e Ruanda, selecionados de acordo com critérios como o impacto social, parcerias, sustentabilidade, número de beneficiários e potencial de expansão.