EDP colabora no desenvolvimento de um dos mais inovadores sistemas de baterias em redes isoladas da Europa
- O novo sistema de armazenamento e gestão de rede nos Açores é um dos pioneiros na Europa e contribui para reforçar o peso das renováveis e a autonomia energética no arquipélago.
- Este projeto da EDA para a ilha Terceira, que envolveu um investimento de 14 milhões de euros, foi desenvolvido pela Siemens Portugal e pela Fluence, tendo contado com a participação da EDP e de outras entidades.
A EDA – Electricidade dos Açores inaugurou esta segunda-feira, 13 de março, um inovador sistema de armazenamento de energia por baterias na ilha Terceira que representa um passo significativo na integração de mais energias renováveis nos Açores, contribuindo para o reforço da autonomia energética. Esta nova infraestrutura tem uma potência instalada de 15MW, distribuída por 6 inversores, e uma capacidade de armazenamento de 10,5 MWh (@EOF, End Of Live, isto é, no fim de vida útil).
Este projeto, concebido e implementado pela EDA, foi desenhado e construído pelo consórcio formado pela Siemens Portugal e pela Fluence e contou com a colaboração da EDP, como consultora principal de engenharia, e de outras entidades, como a Norma Açores, a EDP Labelec e a DIgSILENT Ibérica.
A inauguração, presidida pelo líder do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, e acompanhada por várias entidades regionais, nacionais e europeias, representa assim a entrada em operação de um novo paradigma de gestão das redes elétricas no arquipélago açoriano.
Este novo sistema inclui um sofisticado software de gestão de micro-redes desenvolvido pela Siemens, e instalado na Terceira pela primeira vez em Portugal, que permite monitorizar em tempo real todo o sistema elétrico da ilha e fazer estimativas mais aproximadas da produção e consumo de energia para vários dias e horas, com base em previsões meteorológicas e dados históricos. Isto permitirá maximizar a integração de energias renováveis, em especial a eólica, a geotérmica e, futuramente, a solar, mantendo níveis elevados de qualidade, fiabilidade e continuidade no abastecimento elétrico da ilha.
"Este projeto é um passo importante para o futuro sustentável da ilha Terceira e dos Açores", afirma Nuno Pimentel, Presidente do Conselho de Administração da EDA. "O projeto permite-nos mitigar a instabilidade causada pela flutuação dos recursos renováveis intermitentes, como a energia eólica, e pode substituir reserva girante diesel necessária para lidar com os desafios de garantir a estabilidade da rede elétrica bem como os requisitos de qualidade da energia de um sistema isolado, como o nosso".
Mais renováveis, maior sustentabilidade
A nova infraestrutura formada por baterias, aliada ao inovador sistema de gestão e monitorização das fontes de produção e do consumo de energia, soma um conjunto de vantagens que contribuem para tornar a ilha Terceira mais sustentável. Em primeiro lugar, reduz a necessidade de utilização de grupos geradores térmicos e, em consequência, diminui o consumo de combustíveis fósseis importados – no total, estima-se uma redução de 1.152 toneladas de fuelóleo por ano, bem como da emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera em menos 3.636 toneladas de CO2 por ano.
Outra vantagem passa por reforçar a quota de produção de energia elétrica a partir de recursos renováveis e endógenos da ilha para mais de 50%, após a conclusão dos novos investimentos em curso e previstos para aproveitamento destas fontes de energia. Por fim, melhora a resiliência do sistema elétrico, ao conferir aos sistemas eletroprodutores uma maior flexibilidade e rapidez de atuação, contribuindo para a estabilidade do sistema e, como tal, para a fiabilidade de fornecimento de energia elétrica ao cliente final.
“A tecnologia é a resposta para os desafios mais prementes da atualidade. E este projeto é um claro exemplo disso. Com as soluções inovadoras que, juntamente com a Fluence, desenvolvemos e instalámos na ilha Terceira, demos um contributo muito relevante para a jornada da EDA rumo a uma maior digitalização e sustentabilidade. Não é exagero dizer que o que alcançámos juntos na Terceira é um reflexo do que queremos para o mundo: um mix energético mais sustentável e uma maior capacidade de fazer face a eventuais crises que possam afetar este setor, vital para a vida de todos nós", disse Fernando Silva, Presidente Executivo da Siemens Portugal e responsável pela unidade de negócio Smart Infrastructure da Siemens.
“A EDP está fortemente empenhada na construção de um novo paradigma energético, no qual os sistemas de armazenamento são já um elemento-chave. É nesse sentido, e enquanto um dos principais promotores de energias renováveis à escala global, que temos vindo a apostar na inovação, na tecnologia e no desenvolvimento de novas soluções – não apenas com o objetivo de crescer e de chegar a 2030 com produção 100% verde, mas também com a ambição de contribuir para que outros projetos e empresas façam parte deste importante caminho da transição energética”, afirma Ana Paula Marques, administradora executiva da EDP e presidente da EDP Produção. “Foi, por isso, com enorme orgulho que colaborámos no desenvolvimento deste projeto da EDA, convictos de que o seu carácter inovador e sustentável o torna num caso exemplar a nível mundial.”
O investimento neste novo projeto ascendeu aos 14 milhões de euros, cofinanciado em 85% pelo Programa Operacional dos Açores 2020, através do FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. O projeto é marcante do ponto de vista tecnológico nos Açores, em Portugal e mesmo a nível europeu, pela dimensão da capacidade instalada e pelas tecnologias inovadoras que incorpora e que reforçam a liderança global de Portugal na inovação e na transição energética. Projetos desta natureza serão imprescindíveis para assegurar a integração estável nas redes elétricas de quotas cada vez mais elevadas de fontes intermitentes, como é o caso das energias renováveis, como a eólica e a solar.
A EDA tem no seu plano de investimentos a implementação de projetos desta natureza, envolvendo sistemas de armazenamento de energia com baterias e de gestão de energia, nas restantes sete ilhas da Região, para além das ilhas Graciosa e Terceira. A implementação do projeto na ilha de São Miguel, que também é apoiado pelo Programa Operacional dos Açores 2020, está em curso desde o final de 2021 e deverá ficar concluído até final de 2023. A execução dos projetos para as restantes seis ilhas, previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), irá arrancar em 2023 e 2024, estando prevista a sua conclusão até final de 2025.