Objetivos
O POCITYF é um projeto de cidades inteligentes e comunidades, cujo objetivo principal é criar um conjunto de Positive Energy Blocks – áreas geograficamente delimitadas com uma produção local renovável superior ao consumo, em termos de média anual – nas cidades-piloto de Évora (PT) e Alkmaar (NL) e respetivas cidades-seguidoras de Granada (ES), Bari (ΙΤ), Celje (SI), Ujpest (HU), Ioannina (GR) e Hvidovre (DK).
Com a implementação dos referidos Positive Energy Blocks, o POCITYF pretende transformar o tecido urbano dessas cidades, com foco nas áreas cultural e historicamente protegidas, em locais mais baratos, saudáveis, acessíveis e fiáveis para os seus cidadãos. Em última análise, pretende-se melhorar a qualidade de vida das 7 cidades referidas, através de um modelo sustentável e centrado no cidadão.
Os Principais desafios
das cidades atuais
POCITYF: o mercado e a comunidade de energia
Um dos grandes desafios do projeto POCITYF é tornar as cidades históricas mais sustentáveis, acessíveis e até competitivas, em relação a outras cidades que não têm o mesmo pendor histórico. “Ou seja, o código postal não pode ser uma condicionante à sustentabilidade das famílias. Os cidadãos destas cidades históricas também devem ter à sua disposição um conjunto de ferramentas que lhes permita ser mais verdes”, reforça José Campos Costa. Mas como se fará isso? Através de edifícios e distritos energeticamente positivos – dotados de soluções renováveis que respeitem a herança histórica da cidade –, sistemas inteligentes de gestão de energia e de armazenamento (que permitam explorar a flexibilidade desses edifícios), inovação social de forma a colocar o cidadão no papel de cocriador de tecnologia (e não só como alguém que a adotará) e também soluções de mobilidade elétrica e MaaS (Mobility as a Service, serviços de mobilidade).
“Uma das soluções que temos planeadas para o POCITYF, e até das mais inovadoras, é o mercado local de energia, uma ferramenta promotora da eletrificação da economia de partilha. Aqui, há vários casos de uso, sendo que o mais óbvio é possibilitar que alguns edifícios com excedente de energia verde a possam vender a vizinhos, entre pares”, explica o responsável pela área de Comunidades Energeticamente Positivas da EDP NEW.
Além do mercado local, que permitirá que vizinhos comprem e vendam energia verde entre si, mais acessível do que a energia da rede, o projeto terá também uma moeda virtual, um token, que premeia os comportamentos sustentáveis dos residentes de Évora, de forma a fazer o cruzamento entre a inovação tecnológica e social. “No fundo, é um incentivo para que as pessoas, mesmo não podendo ter painéis fotovoltaicos no seu telhado, sejam recompensadas pelo seu comportamento sustentável”, afirma José Campos Costa. Os utilizadores desta plataforma conseguirão, também, fazer doações energéticas de modo a mitigar comunidades energeticamente mais vulneráveis.
Os três D e o P, de personalização
Na mesma linha de ação, diz-nos José Campos Costa, no POCITYF também se está a trabalhar para a criação de uma quinta solar comunitária. “Esta quinta solar comunitária consistirá numa central fotovoltaica que vai ser construída nos arredores da cidade, para que os cidadãos possam usufruir da energia lá gerada, quase como os acionistas de uma empresa a receber os seus dividendos. Com isto, vamos permitir que os residentes de Évora tenham uma carteira virtual de energia, com o objetivo de reduzir os seus custos energéticos enquanto diminuem a sua pegada carbónica”.
A ideia é que esta solução possa ser vista como uma comunidade de energia renovável, uma solução personalizada para os cidadãos de zonas historicamente protegidas, cuja habitabilidade tem sido um desafio para os municípios. Além do potencial de replicação destas soluções para outras cidades em Portugal e outros países na Europa, um continente repleto de espaços urbanos protegidos, esta solução atua também como um instrumento para atrair os cidadãos para estas zonas. “Assim, aos três D - descarbonização, digitalização e descentralização - fundamentais para a transição energética, eu atrever-me-ia a acrescentar aqui um P, de personalização”.
“Todas estas soluções aqui descritas centram essa mesma transição na pessoa. Seja na vertente de cidadão, de turista ou de consumidor. Num mundo cada vez mais ligado, essa personalização torna-se crucial, uma vez que o comportamento das pessoas começa a caracterizar-se por uma maior flexibilização de hábitos, seja na esfera pessoal ou profissional. Hoje, as pessoas começam a exigir que as infraestruturas das cidades sejam mais elásticas, que os sistemas respondam mais rapidamente e, se necessário, de forma mais personalizada. Dotar as cidades com esta inteligência e flexibilidade, democratiza a própria transição e dá também às pessoas um sentimento de posse e profundo envolvimento neste caminho para um mundo mais verde”, conclui José Campos Costa.
Para tal, no decorrer do projeto será implementado um conjunto de 10 soluções integradas, abarcando 73 elementos inovadores (tecnologias, ferramentas, métodos), interligados através das existentes Plataformas de Informação da Cidade. O projeto será desenvolvido através de 4 Energy Transition Tracks (ETT), nomeadamente:
- ETT#1: transformação do edificado novo e existente em edifícios energeticamente positivos;
- ETT#2: aplicação de estratégias que visam aumentar a flexibilidade da rede e dos edifícios, recorrendo, por exemplo, a sistemas de armazenamento de energia e esquemas de gestão da procura, com o intuito de aumentar o autoconsumo e operação da rede e otimizar fluxos de energia;
- ETT#3: integração de mobilidade elétrica no planeamento ao nível da cidade, de forma a impulsionar a descarbonização do setor e reduzir o tráfego citadino;
- ETT#4: funcionando como um facilitador dos restantes ETTs, o presente tem como objetivo oferecer serviços inclusivos de empoderamento do cidadão, assim como estratégias de cocriação de soluções com os principais stakeholders das cidades e indústria, conduzindo à criação de uma visão para 2050, específica a cada cidade.
De forma geral, o POCITYF irá dotar as infraestruturas, tecnologias e serviços chave (i.e., edifícios, rede, mobilidade elétrica) da cidade com camadas de inteligência, criando novas possibilidade de as tornar mais seguras, verdes e disponíveis às necessidades contemporâneas dos seus cidadãos, tecido empresarial e outras organizações.
Destaques
- Liderado pelo NEW R&D/EDP Labelec
- Consórcio formado por 46 entidades provenientes de 13 países: Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Grécia, Países Baixos, Eslovénia, Hungria, Dinamarca, Finlândia, Áustria, Bélgica e Suíça
Cidades
Nas cidades-piloto de:
- Évora, Portugal
- Alkmaar, Países Baixos
As 10 soluções integradas serão desenvolvidas, testadas e monitorizadas. Estas cidades atuarão como exemplo, ajudando as cidades seguintes a planear e iniciar a replicação das soluções perspetivadas.
As Cidades Seguidoras são:
- Granada, Espanha
- Bari, Itália
- Celje, Eslovénia
- Ujpest, Hungria
- Ioannina, Grécia
- Hvidovre, Dinamarca
Parte das soluções testadas nas cidades-piloto serão replicadas, de acordo com os seus contextos específicos locais. Durante o decorrer do projeto, serão concebidos planos de replicação para as Cidades Seguidoras através das lições aprendidas e das experiências das cidades-piloto.
Âmbito do NEW R&D/EDP Labelec
Além do coordenador do projeto, o NEW R&D/EDP Labelec será também:
- Um dos principais atores nas atividades de demonstração, relacionadas com a rede ou serviços energéticos, planeadas para a cidade de Évora, como por exemplo:
- Integração de ferramentas na rede de distribuição;
- Operação do mercado local de energia
- Simulação da participação em mercado, através do uso de flexibilidade, dos edifícios pertencentes ao demonstrador português
- O responsável pelo Work Package encarregue de promover a agregação e coordenação com outras iniciativas e projetos na área de cidades inteligentes
- Um contribuidor ativo na definição inicial do framework do projeto, caracterizando os requisitos das soluções, estratégias de empoderamento do cidadão e modelos de negócio adaptados à economia circular e de partilha.
Parcerias:
Parceiros Alkmaar:
Parceiros Cidades Seguidoras:
Parceiros horizontais:
Saiba mais sobre Comunidades de Energia, através dos nossos parceiros:
"Portugal foi um dos primeiros países da Europa a desenvolver um contexto regulatório favorável à implementação das Comunidades de Energia, destacando-se como um caso de sucesso pela rápida adoção deste modelo de negócio. Desde o lançamento da oferta no mercado em 2022, a EDP já contratou mais de 100 MWp, contribuindo significativamente para acelerar a penetração da energia solar descentralizada e democratizar o acesso à energia renovável – numa Comunidade, os painéis solares são instalados num cliente com espaço e condições técnicas para receber a instalação, e a energia produzida é autoconsumida pelo cliente que recebe a instalação e outros membros na proximidade que adiram à Comunidade.
Os benefícios das Comunidades de Energia destacam-se sobretudo por:
- Competitividade: a EDP instala a central fotovoltaica sem investimento por parte do cliente, que paga uma tarifa por MWh autoconsumido, inferior à tarifa da rede;
- Agenda ESG: o autoconsumo de energia renovável contribui para o cumprimento das agendas de descarbonização de clientes empresariais;
- Transversalidade: qualquer cliente pode participar, desde residencial até grandes empresas.
Até à data, a penetração deste produto em Portugal tem sido sobretudo impulsionada por empresas, com apenas <5% das Comunidades EDP localizadas no segmento residencial (condomínios), pelo que desbloquear o potencial deste segmento será uma importante via para expandir a sua adoção em Portugal.
Por um lado, é necessário maximizar a rentabilização do espaço em coberturas de condomínios: além do desafiante processo de decisão nos condomínios, que é anual e requer o alinhamento de pelo menos 2/3 dos condóminos, as coberturas estão frequentemente ocupadas por outros equipamentos, o que limita o espaço disponível para a instalação de painéis solares. Para massificar a implementação de comunidades em condomínios é crucial identificar soluções técnicas adequadas para este segmento – não só para a implementação em condomínios existentes, mas também para integrá-las desde a conceção em novos empreendimentos, através de parcerias estratégicas com promotoras imobiliárias.
A maximização do valor da energia produzida, para o cliente e EDP, é também importante para incentivar a adesão de condomínios e condóminos a esta oferta. A incorporação de baterias permite que a eletricidade gerada durante o dia seja utilizada à noite, quando existe a maioria do consumo neste segmento e o valor da energia é mais alto. No entanto, é necessário, por um lado, que a evolução da tecnologia aumente competitividade de custo e crie racionalidade económica na integração de baterias nas Comunidades; e, por outro lado, aprofundar possíveis formas de monetização da bateria (eg arbitragem de energia, serviços auxiliares, mercado de capacidade) e respetivos modelos de implementação de acordo com a regulação em vigor.
O R&D que garanta alinhamento de tecnologias com necessidades de mercado e regulação vigente será um vetor crítico ao desbloqueio de potencial de implementação de Comunidades de Energia em condomínios e à sustentação do seu crescimento."
- Vera Ribeiro, EDP Comercial