04 Mar 2018
6 min

Pessoas comuns que fazem coisas extraordinárias em prol dos outros. Colaboradores que oferecem tempo e energia e partilham as suas competências para transformar as comunidades onde estão inseridos. Eis o Programa de Voluntariado EDP.

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Desde criança, a Rita sempre mostrou vontade de ajudar os outros. Até que um dia, numa festa de família, a tia perguntou-lhe se não queria entrar para os escuteiros. “Ouvi aquilo e pensei: adorava. Prestar serviço à comunidade e contribuir para um mundo melhor”, recorda a responsável pelo Voluntariado da EDP.

Rita Monteiro

Tinha seis anos quando começou a participar nas atividades do Agrupamento 71 Parede, e para si voluntariado e serviço misturam-se.  “O Escutismo assenta no serviço e na ideia de que cada um de nós faz a diferença, e por isso desde cedo contactamos com diferentes realidades e fazemos parte de respostas comunitárias.”

Com 19 anos, trabalhou num projeto em lares de terceira idade na zona da Parede. Durante um ano, escutava as histórias, cantava, pintava e fazia companhia aos utentes. Foi lá que conheceu o sr. Francisco, com 94 anos na altura. Ouviu-o a falar da mulher, já falecida, da sua história de amor e de como passaram a lua-de-mel num comboio entre o Algarve e Lisboa.  “Marcou-me muito. O serviço é também este encontro de pessoas e gerações”, recorda.

“Nunca tinha pensado em gerir o programa, apesar de estar tão ligada à causa. Foi tudo nos timings certos”

Antes de chegar à EDP, chefiou grupos de jovens, fez formação e tornou-se dirigente do Corpo Nacional de Escutas. Por isso, quando soube que a EDP tinha um projeto de voluntariado, quis logo participar. “Lembro-me de sentir uma alegria e motivação por trabalhar numa empresa que tinha este tipo de iniciativas”, explica.

Começou com os projetos de Junior Achievement Portugal e o Parte de Nós Ambiente na empresa. Em Maio de 2015, quando viu as primeiras imagens da crise migratória e dos milhares de refugiados a chegar em barcos de borracha, pediu uma licença sem vencimento de um mês para ir como voluntária para um centro de acolhimento a requerentes de asilo e refugiados na Sicília, em Itália. “Foi uma experiência transformadora”, comenta a colaboradora da EDP.

Meses depois, foi convidada a reforçar uma missão humanitária na ilha de Lesbos, na Grécia, com um colega da empresa, Tiago Marques, através da Plataforma de Apoio aos Refugiados(PAR), da qual a Fundação EDP é membro.

Quando voltou, tinha ainda mais certeza e vontade de trabalhar para e pelas pessoas. “Queria ter mais impacto na vida dos outros”, afirma. Estava há cinco anos na Direção de Relações Institucionais e Stakeholders, em Lisboa, e surgiu, nesta altura, o convite para abraçar a área de voluntariado na organização. “Nunca tinha pensado em gerir o programa, apesar de estar tão ligada à causa. Tinha acabado de chegar da Grécia.  Foi tudo nos timings certos”, acrescenta.

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Na parede do escritório da EDP Gás, no Porto, há uma frase: “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”. Foi Ana Patrícia Veloso, a responsável da EDP Gás Distribuição, quem a afixou. “Sigo o lema do fundador do McDonalds e trouxe-o para a minha direção”, explica.

Ana Veloso

A empresa permite-me, com horas laborais, fazer aquilo de que mais gosto e que mais me realiza como pessoa”

Ajudar o vizinho, o amigo, o conhecido e o desconhecido. Para Ana Patrícia Veloso, o verbo “ajudar” conjuga-se em todos os tempos. Começou a fazer voluntariado uns meses antes de integrar a EDP, em 2010. Ajudou a angariar fundos para a primeira casa Ronald, do grupo McDonalds, no Porto. Nos tempos livres, era, ainda, voluntária no Hospital de São João, na cidade invicta. O voluntariado tem acompanhado todo o seu percurso profissional e na EDP não podia ser diferente.

Quando entrou na empresa, Ana Patrícia sentiu-se como peixe na água. “Sempre fiz voluntariado. Na EDP, com esta cultura tão forte, foi ouro sobre azul. A empresa permite-me, com horas laborais, fazer aquilo de que mais gosto e que mais me realiza como pessoa”, conta.

Como voluntária na EDP, passou pelo projeto com a Junior Achievement Portugal, que leva às escolas programas que desenvolvem o gosto pelo empreendedorismo, e ainda por uma iniciativa que apelava aos jovens em idade escolar para intervirem em projetos de solidariedade. Foi ainda coordenadora de uma edição do Parte de Nós, uma iniciativa de responsabilidade social do Grupo EDP.

Continua, hoje, como voluntária no Hospital de São João. “Através do banco de horas, conseguimos fazer ações mais esquematizadas e regulares no hospital”, explica. A EDP criou uma bolsa de horas para utilização em ações de voluntariado. Esta bolsa é gerida a nível departamental e reúne uma média de 4 horas úteis por colaborador.

Para a Ana, todas as experiências são marcantes, cada uma ao seu nível, mas "a parte do hospital de São João é a mais gratificante a nível emocional. Vimos com o coração cheio e é por ver e ouvir os colegas de coração cheio que é gratificante participar nestas ações. Tenho noção de que o que faço é muito pouco, mas acredito que esse bocadinho pode fazer a diferença.”

Conseguiu também mobilizar a direção da EDP Gás Distribuição para esta iniciativa. Ana e os colegas realizam atividades de maior dimensão com as crianças internadas na Oncologia. “Pintámos o hospital e conseguimos a doação de um contentor através de um empreiteiro que é nosso fornecedor”, conta. Em todos os Natais, os colaboradores da EDP Gás distribuem prendas às crianças internadas e organizam um lanche.

"Encaixar a minha profissão num projeto de voluntariado"

O voluntariado faz parte do dia-a-dia também de Jorge Mayer, que trabalha há 10 anos com os sem-abrigo do Porto, como voluntário na equipa de rua e no planeamento de projetos de apoio à empregabilidade.

“Nunca achei que fosse possível encaixar a minha profissão num projeto de voluntariado”,  conta aquele que foi gestor do programa de voluntariado durante 5 anos. Até conhecer o projeto Kakuma, onde a EDP se juntou ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados para levar energias renováveis e soluções ambientalmente sustentáveis a um campo de refugiados no Quénia.

Em 2009, Jorge Mayer foi convidado pela Fundação EDP para ser o gestor no terreno do projeto Kakuma. “Percebi que a empresa tinha muita vontade de crescer nesta área e vontade de fazer coisas muito boas”.

Em 2010, foi enviado para Kakuma, no Quénia, onde esteve 15 meses no terreno e temporariamente integrado nas Nações Unidas. “Foi um projeto marcante na área social, no que diz respeito aos projetos da EDP dos últimos anos”, recorda. Quando o projeto acabou, no início de 2011, a empresa convidou-o para liderar o Programa de Voluntariado EDP, onde esteve até julho de 2016. “Já havia algumas práticas e a empresa queria dar o salto, ter recursos dedicados e criar um programa do melhor que se faz”, justifica.

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“Mesmo neste contexto de crise que vivemos, as empresas só podem crescer em sociedades que também crescem e, por isso, de alguma maneira, estamos todos unidos. A nossa empresa não pode ser estanque face àquilo que se passa à nossa volta, pelo contrário. Temos profissionais de excelência, temos muitas competências técnicas que dominamos. Por isso, cabe-nos estarmos atentos, abertos e envolver-nos na sociedade à nossa volta, nas comunidades onde estamos. Quer seja em Portugal, no Rio de Janeiro, em Bilbau ou em Houston. Cabe-nos estarmos atentos e ligar-nos com a comunidade. Temos de ser uma empresa aberta, mas também mais humana e mais envolvida num mundo melhor. No voluntariado todos ganham.”

Jorge Mayer

Jorge não perdeu tempo e começou a planear, estruturar e desenvolver estratégias, abordagens e ferramentas de comunicação. No mesmo ano, o Programa de Voluntariado apresentou o Parte de Nós e lançou o projeto de Voluntariado LEAN, que transmite metodologias destinadas a uma gestão mais eficaz dos recursos e processos dentro de uma empresa.

Vítor Cordeiro é um dos grandes dinamizadores do Voluntariado LEAN. Faz voluntariado há mais de 20 anos. Na EDP, começou em 2011, o ano em que nasceu o voluntariado de competências na empresa.

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“É uma forma de retribuir à sociedade uma parte do que ela nos dá”, descreve o diretor da EDP Produção.

No seu tempo livre, vai às escolas e a outras instituições apoiadas pela empresa para fomentar a eficiência dos processos e estimular uma utilização mais racional dos recursos. “Os nossos parceiros atribuem a este apoio um elevado valor, não só pelos ganhos financeiros, mas sobretudo pela alteração de comportamentos e atitudes das pessoas”, explica.

O Agrupamento de Escolas da Abrigada, em Alenquer, foi o primeiro a abrir portas ao projeto LEAN. Em pouco tempo, revelou-se um caso de sucesso e tornou-se um modelo de inspiração para outras escolas, autarquias e instituições, apoiadas por voluntários da EDP Produção, EDP Distribuição, EDP Soluções Comerciais e EDP Gás.

O projeto cresceu tão rapidamente que os próprios pais dos alunos que receberam formação estão agora a colocar em prática as metodologias LEAN em instituições vizinhas. “É um projeto muito bonito e até já anda sozinho. As pessoas entusiasmam-se a ver que conseguem ter as coisas mais organizadas, a funcionar melhor e , ainda por cima, a poupar dinheiro”, afirma Jorge Mayer. 

É a alegria nos outros, na realização de sonhos, através de pequenos gestos, que move Armando Almeida a participar nas atividades do Programa do Voluntariado EDP.

É eletricista voluntário na EDP Distribuição e esteve na formação piloto da Bolsa de Verificadores.

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“Sabemos que estamos a contribuir para uma melhor gestão e, eventualmente, para aumentar o bem-estar dos utilizadores”, afirma Armando. “Há sempre alguém a precisar de nós”.

Armando Almeida

Para ajudar a reduzir a fatura energética, Armando e os colegas voluntários recebem uma curta formação para fazerem miniauditorias que ajudam Instituições Particulares de Solidariedade Social a reduzirem os custos energéticos e, assim, a terem mais meios para a ação social.

Uma energia global

Seis anos depois do pontapé de saída do programa de voluntariado, 20% dos colaboradores EDP fazem voluntariado anualmente e o voluntariado tem vindo a ligar geografias e empresas. Uma energia construída em 14 países feita de compromisso, envolvimento e responsabilidade. Mas acima de tudo, uma energia capaz de fazer a diferença.

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“Podemos ser melhores pessoas colocando em ação aquilo que de mais humano temos: o olhar e a atenção sobre o outro, o amor sobre a vida a que todos temos direito.”

Ana Maria Scnheider

EDP Brasil

Em São Paulo, tal como nos escritórios do Porto, há uma placa com um texto de motivação. Desta vez, de Bertolt Brecht sobre o bem por toda a vida: “O Voluntariado é a união de boas vontades em fazer o bem na relação com o outro, que se encontra em uma posição de maior vulnerabilidade”, lê-se na citação. Uma relação através da “entrega de talento, de tempo e de conhecimento”, conta Ana Maria Schneider, do Instituto EDP, uma das gestoras pelo voluntariado EDP Brasil.

Foi ela que, em 2014, abraçou o projeto em terras de Vera Cruz. Ao longo da sua vida já fez vários trabalhos como voluntária, desde cuidar de pessoas portadoras de deficiência e de ações em favelas a atendimentos familiares em situações de uso de drogas ou violência doméstica. Atualmente, Ana participa ativamente nas atividades do Instituto EDP.

O projeto “Desafio do Bem”, em que as equipas de trabalho escolhem uma organização social e com ela desenham um projeto a ser implementado, é um dos principais no Brasil.

Consciente da importância do seu papel, a EDP desenvolveu também um plano de apoio na favela ao lado da sede de São Paulo: foram instalados 10 computadores para que os voluntários possam ministrar um curso de inclusão digital às crianças, jovens e idosos. “São cerca de 1300 pessoas que ajudamos no Ciclo de Inclusão Digital Favela Coliseu, que tem acolhido o trabalho de 16 voluntários”, explica Ana Maria.

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“Um voluntário é uma pessoa que gosta de participar ativamente na sociedade e de dar o melhor de si àqueles que não têm a mesma sorte para deixar o mundo um lugar melhor.”

Mayra Sanz

EDP Renováveis

Longas reuniões, palavras de incentivo, mãos na massa e brilho nos olhos. Esta é a descrição da rotina dos últimos tempos de Mayra Sanz, coordenadora do voluntariado da EDP Renováveis. Até entrar na empresa, Mayra apenas tinha colaborado como voluntária numa organização não-governamental que apoia animais. “É graças à EDP Renováveis que tenho tido oportunidade de participar em ações tão diferentes e de conhecer realidades muito distintas”.

O voluntariado é um dos pontos fortes do programa de Responsabilidade Social da EDP Renováveis. Em Espanha, o programa cresce e apoia diferentes áreas da sociedade. Os colaboradores dividem-se em ações de cariz social para angariar bens alimentares para famílias carenciadas, desenvolvem atividades relacionadas com o meio ambiente – por exemplo, a plantação de árvores e a limpeza de rios – ou produzem kits de emergência para campos de refugiados em ações de team building. Um trabalho que, passo a passo, arranca sorrisos e procura tornar o mundo melhor.

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“É um dos projetos mais ambiciosos que já tivemos: aquele em que mais demos e, também, aquele em que mais recebemos”

Carmen Echevarria

EDP España

Muitos projetos de voluntariado, muita energia colocada em iniciativas que fazem a diferença. Na EDP Espanha, os colaboradores também dão tudo para mudar o mundo aos poucos.

Carmen Echevarria trabalha no departamento de Recursos Humanos e está na empresa desde 1999. O envolvimento com o programa de voluntariado começou com o projeto Nyumbani, em Nairobi. Em 2017, é a responsável pelo Programa na EDP Espanha.

Este projeto permitiu a instalação de 220 painéis fotovoltaicos em Nyumbani (Nairobi), para proporcionar energia gratuita a 1000 crianças órfãs, abandonadas e recolhidas nas ruas de Nairobi. Convivem com 100 avós numa eco-aldeia criada especialmente para eles: a “Nyumbani Village”.

Os colaboradores em Espanha mobilizaram-se e conseguiram: levaram conhecimento técnico ao local e, com fundos angariados com iniciativas diferentes e cheias de imaginação, viajaram várias vezes entre Nairobi e Espanha para supervisionar tudo.

Na empresa, o programa de voluntariado não fica por aqui e as parcerias com a Cruz Vermelha e a Caritas permitem chegar a mais pessoas, de forma mais eficaz, através de iniciativas como a distribuição de brinquedos não agressivos e não sexistas a crianças, organização de dias festivos, no Natal, em bairros desfavorecidos ou organização de dias desportivos com fins solidários.

As campanhas de doação de medula na empresa são também regulares e, em 2017, um colaborador encontrou um dador para a sua filha graças a esta iniciativa.

O objetivo do programa é agora, cada vez mais, potenciar as competências dos colaboradores ao serviço da sociedade, com muita atenção aos objetivos mundiais de desenvolvimento sustentável a atingir até 2030. O programa irá apostar cada vez mais nas competências das pessoas e na ligação ao negócio e Rita Monteiro acredita que os resultados serão positivos: “A EDP pode dar um contributo importante ao desafiar os colaboradores a continuar a participar num programa que lhes diz respeito e que tem o potencial de transformar o nosso mundo”.

“Para uma empresa como a EDP, que opera na área da energia, é importante desenvolver ações nas comunidades onde estamos presentes”. E acrescenta: “Um colaborador que faça voluntariado através da empresa tem a oportunidade de ir ao encontro de quem mais precisa, de fazer a diferença, e de experienciar a riqueza do encontro com os outros. “