Num mundo em mudança, a Eficiência Energética é a forma mais fácil de reduzir as emissões poluentes e limitar o aumento da temperatura global.
Fazer mais com menos energia, com novas tecnologias e recursos usados de forma eficiente, ajuda o planeta e permite a consumidores e empresas atingirem uma maior poupança energética.
A humanidade caminhou, durante séculos, rumo à banalização dos recursos naturais disponíveis. O progresso industrial e tecnológico foi necessário para as sociedades se desenvolverem e evoluírem, mas colocou o planeta perante desafios ambientais que importa ultrapassar e percursos que temos de inverter.
O aumento das emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE), a desflorestação e a poluição abriram caminho para as Alterações Climáticas e para desequilíbrios nos ecossistemas. Se queremos um mundo mais saudável para as gerações futuras, e para cumprir o Acordo de Paris, a Eficiência Energética tem de representar 37% da redução das emissões de Co2, até 2040.
Fazer mais com menos
Ser eficiente não se trata, obrigatoriamente, de reduzir o consumo ou a produção em geral, para poluir menos. Trata-se, isso sim, de melhorar a produção e fazer um consumo mais consciente. Utilizar recursos naturais de forma sustentável e consumir a energia de modo mais eficiente, permite a cidadãos e empresas pouparem e reduzirem as emissões de GEE, mantendo a mesma qualidade de vida e crescimento económico.
Para tudo é necessária energia - seja combustíveis ou eletricidade -, desde uma simples lâmpada elétrica ou uma torradeira, a um moderno computador ou smartphone; desde um pequeno ar condicionado a uma enorme máquina industrial; desde o automóvel da família até um enorme cargueiro ou um comboio internacional de passageiros. O consumo de energia, que por vezes nos passa ao lado no dia a dia, se não for feito de forma eficiente, gera poluição e, igualmente importante, desperdício.
Como se consegue a Eficiência Energética?
O caminho para a Eficiência Energética faz-se de pequenas e grandes medidas, ao nível das empresas e indústrias, dos transportes, das habitações, dos Governos, e, claro, do próprio setor da energia. Medidas como: .
- Redução da utilização de recursos naturais fósseis para produzir a mesma quantidade de energia elétrica, ou até mais (substituir centrais a carvão ou combustíveis fósseis por unidades alimentadas por energias renováveis);
- Diminuição do gasto de energia para fabricar o mesmo produto;
- Implementação de sistemas de apoio e incentivo para a Eficiência Energética;
- Investimento no edificado, seja através da resolução de problemas existentes, seja na garantia que o novo edificado é eficiente, energeticamente falando, ao nível dos materiais e da própria construção (isto é particularmente importante se tivermos em conta que, segundo a ERSE, os edifícios foram responsáveis por 40% do consumo de energia em toda a Europa);
- Promoção das auditorias e verificações energéticas, de empresas e casas;
- Uso racionado e equilibrado de energia e água;
- Promoção da literacia em relação à Eficiência Energética;
- Prolongamento da vida útil de cada eletrodoméstico, através da sua manutenção regular;
- Aposta em eletrodomésticos eficientes e inteligentes, que representam uma poupança energética no consumo e consequente fatura;
- Utilização de meios de transporte mais eficientes, como veículos elétricos, em detrimento dos motores a combustão.
Tudo isto contribui para a redução do consumo de energia e, consequente, poupança para os consumidores. Mas também permite baixar a importação de energia, garante um abastecimento mais estável e seguro, e contribui para um decréscimo das emissões de GEE e para a descarbonização da sociedade e da economia, com efeitos diretos no ambiente e no clima.
Os exemplos a seguir
Há vários países que são verdadeiramente exemplos a seguir em termos de Eficiência Energética. Um estudo (versão inglesa) do Conselho Americano para uma Economia Eficiente em Energia (ACEEE), colocou no Top 5:
- Alemanha. Destaca-se na lista do ACEEE por ter um plano nacional dedicado à Eficiência Energética desde 2014, com a mobilização de investimento para renovação de edifícios e transportes e a identificação de modelos de negócio sustentáveis. O país tinha ainda o maior número de instalações certificadas para a norma energética ISO 50001.
- Itália. O país transalpino apostou muito na Eficiência Energética nos transportes, particularmente o ferroviário. Por cada euro gasto no setor rodoviário, foram investidos 1,23 euros em instalações ferroviárias. A logística inteligente, através do programa europeu Lean & Green, foi um dos ‘veículos’ dessa aposta.
- França. Uma lei criada em 2015 exige a redução do consumo final de energia em 50%, até 2050. Paralelamente, o governo francês anunciou, em 2018, um projeto de renovação de 500 mil casas por ano, e pretendia exigir aos proprietários de edifícios comerciais um ‘plano de renovação’ para baixar o consumo de energia em 25%.
- Reino Unido. Além de ter assumido diversos compromissos em matéria de Eficiência Energética, o país já tem centrais termoelétricas bastante eficientes e tem investido cada vez mais em programas de eficiência e de Investigação e Desenvolvimento.
- Japão. Foi um dos pioneiros nas leis para o uso racional de energia, logo em 1978. Exige às empresas a nomeação de um gestor de energia e a divulgação anual do consumo. Na última década, foram postas em prática várias metas de Eficiência Energética empresariais, através de incentivos fiscais.
A Eficiência Energética deve ser uma preocupação de todos: de uma família que decide trocar as lâmpadas de casa ou optar por um eletrodoméstico mais eficiente, ou de uma grande empresa que renova a frota com veículos menos poluentes ou que substitui o sistema de ar condicionado num edifício de vários andares. A Eficiência Energética é um dos primeiros passos rumo a um futuro mais sustentável.