O programa Solar Solidário instalou mais de 300 painéis solares no Alto da Cova da Moura, um dos bairros mais pobres de Portugal. Vitalina Varela, a inesquecível estrela de um filme com o seu nome, foi uma das beneficiárias
Estava a trabalhar nas limpezas do set de filmagens de “Cavalo Dinheiro”, película de Pedro Costa, quando o realizador português percebeu o diamante em bruto que tinha ali. Vitalina Varela tornouse então a protagonista do seu filme seguinte, intitulado com o seu próprio nome e inspirado na vida desta mulher cabo-verdiana que, em 2013, apanhou o avião para vir a Portugal depois do seu marido morrer. Sem meios para regressar, Vitalina acabou por ficar a viver no Alto da Cova da Moura, um dos bairros mais carenciados de Lisboa. O mesmo bairro onde a EDP levou recentemente energia solar a 300 casas, através da instalação de painéis solares para produção de energia em regime de autoconsumo, e ofereceu um frigorífico eficiente como complemento.
Vitalina conta que viu um papel no chão da sua casa e foi ter com a vizinha para saber do que se tratava. Para sua surpresa, era um folheto da EDP que oferecia a colocação de painéis solares a pessoas daquela comunidade que reunissem um conjunto de condições. Vitalina entregou a documentação solicitada e diz que a instalação foi rápida.
Orgulhosa dos novos painéis solares no telhado da sua casa, onde há poucos anos ainda entrava água sempre que chovia, diz que agora se sente mais próxima da sua família que mora em Cabo Verde num local bastante isolado e que só através de painéis solares tem acesso à energia. Na hora de posar para a foto, o sentimento é de gratidão, pela diferença na qualidade de vida que os seus novos painéis lhe vão trazer.
A protagonista de “Vitalina Varela” viveu uma vida muito dura desde que chegou a Portugal, com todo o tipo de carências. Esperou durante quase quarenta anos que o seu marido a fosse buscar à ilha de Santiago em Cabo Verde e acabou por vir a Portugal pelas piores razões, três dias depois do enterro do marido. “Passei por muitas dificuldades”, lamenta, lembrando quando acordava com a casa inundada e a cama molhada.
Pedro Costa achou que a sua vida dava um filme e contratou-a para revelar ao mundo a sua narrativa. “Vitalina Varela”, filme que traduz a história das mulheres que ficam, quando os seus homens partem por força de miséria, estreou-se em 2019 no Festival de Locarno, na Suíça, e valeu ao realizador o Leopardo de Ouro, e a Vitalina Varela, o Leopardo de Prata, pelo seu desempenho. A partir daí recolheu mais prémios em todo o mundo, tendo-se tornado no filme do cinema português mais elogiado de sempre.
Vitalina, que entretanto entrou numa produção teatral, em Lisboa, espera pela oportunidade de voltar aos filmes. “Foi uma experiência inesquecível. Trabalhei muito, mas fiz tudo com muita força, coragem e amor”, diz no seu dialeto que mistura crioulo e português.
O projeto no bairro do Alto da Cova da Moura é apenas um exemplo do que o Solar Solidário pretende alcançar. Criado com a ambição de contribuir ativamente para uma transição energética justa e para a melhoria da qualidade de vida das comunidades, em especial as mais carenciadas, este programa já está a avaliar novas intervenções em mais zonas de Portugal, Espanha e Brasil
Solar Solidário
Foi com o objetivo de alargar o acesso a esta energia que a EDP criou o projeto Solar Solidário, mais uma iniciativa de impacto social da EDP Y.E.S. - You Empower Society. Em parceria com diversas organizações, este projeto promove a instalação de painéis solares de autoconsumo em comunidades carenciadas de diferentes países onde o grupo opera.
Garantir o acesso a energia limpa e renovável em zonas que não dispõem de infraestruturas eléctricas adequadas é o objetivo do projeto, cujos efeitos se reflectem na promoção da sustentabilidade, na inclusão social, na melhoria da qualidade de vida dos residentes e no desenvolvimento local.