Denis conviveu toda a vida com o preconceito e com os julgamentos no mercado de trabalho. A EDP no Brasil abriu-lhe as portas para uma carreira que lhe parecia proibida. Agora, falta a sociedade fazer o resto.
Antes de entrar no programa da Escola de Eletricistas para Pessoas Trans, Denis trabalhava numa empresa de Telemarketing, a única área que geralmente dá emprego a pessoas trans e seguro médico. Mas este profissional brasileiro, que nasceu na Bahia e veio para São Paulo com apenas dois anos de idade, é hoje uma pessoa mais feliz, fazendo o que realmente gosta.
“Este curso fez-me perceber o quanto é importante a energia na vida das pessoas O nosso instrutor dizia que a cada serviço a gente iria aprender e ver a alegria das pessoas quando resolvêssemos o problema, e que no fim, isso não teria preço. Agora, vejo isso todos os dias”, confessa Denis. E como esse mesmo instrutor dizia, “você não escolhe essa área, ela é que te escolhe”.
“Na minha vida pessoal, foi um grande presente porque tinha perdido a minha mãe e estava meio perdido”, conta Denis. “Além de tudo, é difícil conseguir um emprego sendo trans. Não tinha expetativa nenhuma no mercado de trabalho e a EDP devolveu-me uma forma de continuar atrás dos meus sonhos”.
Uma das mudanças imediatas que trouxe este programa, foi o facto de agora ter condições para ajudar as suas irmãs e fazer o tratamento médico para dar continuidade à sua transição. Mas ainda há muito trabalho a fazer no que diz respeito à forma como a sociedade, neste caso específico a brasileira, olha para os grupos sub-representados, especialmente, as pessoas transsexuais. “Há muita mentira nos media e isso confunde as pessoas. Mas com a vivência que estou a ter dentro de um espaço cisgénero, vejo que nós também temos que entender que nem todos nos vão respeitar ou querer trabalhar connosco. Mas tudo bem, estamos aqui para aprender e evoluir”, condescende.
Denis continua a enfrentar o preconceito todos os dias, mas desvaloriza os ataques: “O que importa é você ir atrás dos seus sonhos sem precisar de se vitimizar ou atacar outras pessoas, até porque pessoas más são assim mesmo porque não têm outra coisa para oferecer”.
Como afirma o eletricista, esta oportunidade é uma forma “de mostrar que não importa se você é trans, gay ou um ET; só precisamos de uma oportunidade de mostrar que podemos trabalhar e sermos grandes profissionais em qualquer área”.
“A EDP foi uma empresa que enfrentou o mundo para ajudar pessoas como eu. E isso inspira outras empresas. A EDP deu-me a oportunidade e eu estou a crescer e a melhorar a cada dia”, sublinha Denis. “Eu sou um profissional e isso é o que importa; faz-me levantar e ir trabalhar todos os dias com alegria, e fazer o Denis que é certo”.