EDP junta-se a mais de 100 empresas em carta aberta para líderes políticos com propostas de ação climática
- Miguel Stilwell d’Andrade é um dos executivos da Aliança dos Líderes Climáticos que subscreve uma carta aberta para antecipar temas em debate na agenda da COP28.
- A Aliança – promovida pelo Fórum Económico Mundial – reúne empresas globais de diferentes setores que representam um universo com cerca de 12 milhões de colaboradores e um volume de negócios na ordem dos quatro biliões de dólares.
Cada segundo conta na corrida para travar o aumento da temperatura global do planeta e atingir a neutralidade carbónica – e isso exige metas ambiciosas, medidas imediatas e colaboração entre setor público e privado. Esta é a principal motivação que levou mais de 100 líderes de grandes companhias globais, incluindo Miguel Stilwell d’Andrade, presidente executivo da EDP, a dirigir uma carta aberta aos decisores políticos mundiais na qual relembram os principais desafios e lançam quatro propostas de ação urgentes.
A Aliança dos Líderes Empresariais Climáticos (Alliance of CEO Climate Leaders) – promovida pelo Fórum Económico Mundial desde 2014 para incentivar governos e decisores políticos a apoiarem uma ação climática corajosa – procura assim com este apelo público antecipar temas críticos que irão marcar a agenda da COP28, a Conferência do Clima das Nações Unidas, que se realiza no final do ano.
"Como CEO de uma empresa que lidera a transição energética e que está empenhada em garantir um futuro melhor para todos, é com orgulho que subscrevo a carta aberta da Alliance of CEO Climate Leaders", afirma Miguel Stilwell d'Andrade, presidente executivo da EDP. "Em conjunto com mais de 100 membros desta aliança, acredito que as mudanças políticas propostas na carta aberta podem ter um impacto enorme e estou entusiasmado por poder apresentar essas ideias aos decisores políticos, tanto na COP28, onde a EDP planeia ter mais uma vez um papel ativo em debates de grande relevância, mostrar os seus projetos inovadores e sustentáveis e as suas melhores práticas, e reforçar os seus compromissos de ação climática em direção às metas net zero e a um planeta mais sustentável."
Todos os subscritores da carta – entre os quais se incluem, além da EDP, empresas como Enel, Engie, Naturgy, Iberdrola, Orsted, entre outras – partilham objetivos comuns no sentido de reduzir as emissões num total estimado de 1 Gt de CO2e até 2030 e defendem metas ambiciosas de descarbonização e neutralidade carbónica para os próximos anos. No entanto, há ainda vários problemas e desafios que podem comprometer o êxito desses planos e que precisam da ação urgente dos governos e de políticas públicas mais eficazes para serem ultrapassados.
Na carta, são identificadas quatro grandes dificuldades: processos excessivamente burocráticos e regulação complexa que atrasam o desenvolvimento de projetos de energias renováveis e dificultam a adoção de soluções inovadoras e sustentáveis; falta de infraestruturas de rede adequadas para integrar adequadamente uma quota crescente de renováveis; restrições tecnológicas que atrasam os esforços para aumentar a capacidade de fabrico de soluções de descarbonização em fase inicial; e harmonização e interoperabilidade limitadas entre as normas entre diferentes setores e jurisdições. Desafios para os quais os líderes empresariais avançam com a proposta de medidas de ação imediatas.
A estas propostas, os líderes executivos lançam ainda o desafio ao setor privado para que continue a aumentar os seus investimentos na eficiência energética, na redução das emissões de carbono e na sua remoção com base na tecnologia e na natureza. Esta ação coletiva não só representará um contributo significativo para cumprir objetivos climáticos globais, como ainda gerará valor sustentável – só com a transição energética estima-se que sejam criados 51 milhões de postos de trabalho adicionais até 2030. É, por isso, necessária uma colaboração mais profunda entre as empresas e os governos nos diferentes domínios de maior impacto.
Quatro passos para acelerar corrida
Nesse sentido, a carta aberta lança aos reguladores e decisores políticos quatro propostas de ação que, na perspetiva das empresas, podem contribuir para maximizar o impacto positivo na ação climática:
- Aumentar fortemente o investimento em energias renováveis e redes elétricas e simplificar processos de autorização e regulamentação
Embora o investimento global em energias renováveis tenha atingido um recorde de 0,5 biliões de dólares em 2022, este valor é ainda inferior a um terço do investimento anual necessário até 2030. Por isso, os governos devem aumentar rapidamente a escala das energias renováveis e investir nas infraestruturas de rede necessárias, incluindo armazenamento de energia e cadeias de abastecimento de apoio, também para aumentar o capital do sector privado e incentivar o sector privado a melhorar a sua eficiência energética.
Além disso, os pesados processos de licenciamento estão a atrasar os esforços de descarbonização. As estimativas mais recentes mostram que o tempo de construção de projetos solares e eólicos à escala dos serviços públicos varia entre quatro e dez ou mais anos, dependendo da localização geográfica. É necessária uma mudança de política para acelerar os projetos e as infraestruturas de energias renováveis, respeitando simultaneamente uma transição justa, as comunidades locais e as normas ambientais.
- Dar o exemplo nas práticas de contratação pública
Os contratos públicos representam uma parte significativa do PIB; 14% só na União Europeia. A escala deste poder de compra pode exercer uma influência considerável na redução das emissões. Se 14% de uma economia adotar práticas de contratação com baixo teor de emissões, isso enviará um forte sinal ao mercado para que os fornecedores melhorem os seus produtos e serviços e pode facilitar a adoção de soluções inovadoras.
- Acelerar as reduções de carbono baseadas na natureza e na tecnologia
Embora nunca possa substituir os esforços de mitigação, os investimentos em tecnologia e redução de carbono baseada na natureza também devem ser acelerados, dado o risco crescente de se ultrapassar os 1,5°C. Os governos devem, por isso, fixar objetivos exigentes, incluí-los nos seus planos nacionais e nas estratégias e planos de ação para a biodiversidade e desenvolver regulamentação de apoio à conservação e regeneração dos sumidouros de carbono existentes. Além disso, devem incentivar os investimentos das empresas através de um ambiente regulador e mercados de carbono. Isto inclui créditos de alta qualidade e uma abordagem de fixação de preços do carbono que reflita os verdadeiros custos das alterações climáticas.
- Simplificar e harmonizar os padrões de divulgação e medição do clima
Contar com regras harmonizadas de divulgação e de medição climática é essencial para fornecer informações transparentes e de alta qualidade, assegurando ao mesmo tempo eficiência. Um apelo que é dirigido a todos os organismos de normalização, incluindo o International Sustainability Standards Board (ISSB), a Comissão Europeia e a Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA, bem como a outras entidades reguladoras, para que continuem a harmonizar os requisitos de comunicação e a garantir a interoperabilidade e a reciprocidade.
Pode consultar a carta aberta aqui com informação mais detalhada.