Central solar flutuante de Alqueva é finalista dos Prémios Europeus de Energia Sustentável 2023
Ao juntar energia solar, energia hidroelétrica e armazenamento de baterias, este projeto utiliza uma tecnologia escalável inovadora para reduzir as emissões e proteger a natureza em simultâneo. Agora é um dos três finalistas dos Prémios Europeus de Energia Sustentável 2023 na categoria de Inovação.
A central Solar Flutuante de Alqueva é um dos três finalistas selecionados para os Prémios Europeus de Energia Sustentável 2023 na categoria Inovação. O prémio distingue projetos notáveis, em curso ou recentemente concluídos, financiados pela UE, que demonstrem um caminho original e inovador no que respeita à transição para as energias limpas. Os vencedores serão decididos por uma votação pública online que está aberta até 11 de junho.
"Precisamos que todas as tecnologias renováveis se juntem para levar a cabo a transição energética na Europa", explica Joana Freitas, administradora da EDP Geração.
Este princípio de combinar diferentes formas de energia renovável num único projeto e um só ponto de ligação à rede está na base da central Solar Flutuante de Alqueva, de 5 MW, onde 12 000 painéis solares flutuam em 4 hectares da albufeira da barragem de Alqueva. A central solar flutuante, cujo sistema de amarração com cabos elásticos foi desenvolvido no âmbito do projeto Fresher, financiado pela UE, fornece energia suficiente para abastecer 30% do consumo de energia dos agregados familiares da região.
"Estamos a assistir aqui a uma mistura de várias camadas de inovação", afirma Miguel Patena, Gestor de Inovação da EDP, que descreve como "o efeito de arrefecimento da água aumenta a eficiência dos painéis solares." Além disso, os painéis protegem a água da radiação solar, reduzindo a formação de algas, dando aos peixes um local para se abrigarem do calor e limitando a evaporação da água, o que é fundamental numa região onde os efeitos das alterações climáticas já se fazem sentir e "a gestão da água é uma parte muito central da vida".
A central solar flutuante utiliza o mesmo ponto de ligação à rede que a central hidroelétrica de Alqueva, construída há 20 anos, e recorre ao armazenamento por baterias para aumentar a resiliência do fornecimento de energia. Esta abordagem híbrida aumenta a eficiência dos projetos, permitindo-lhes partilhar infraestruturas como linhas elétricas e subestações, bem como estabilizar os custos e reduzir o impacto ambiental. "Em conjunto, estas diferentes tecnologias complementam-se para fornecer energia limpa, fiável e acessível", salienta Joana.
A preservação do ecossistema, tendo igualmente em consideração os aspetos sociais da sustentabilidade, está no centro do projeto solar. Como explica Joana Freitas, "por um lado, estamos a acrescentar capacidade renovável, por outro lado, acreditamos que este é um projeto altamente positivo em termos de natureza." A instalação da central solar flutuante na albufeira da barragem, onde cobre uma pequena fração da superfície da água, evita a utilização de terrenos que poderão ser utilizados para outros fins, como a agricultura, a pecuária e o turismo. O impacto visual também é mínimo: "não se vê a plataforma até se estar muito perto dela."
O projeto impulsionou a inovação e a I&D na indústria local, graças a uma parceria com a Amorim Cork Composites, uma empresa portuguesa que opera na região há 150 anos. Em conjunto com o fabricante espanhol Isigenere, desenvolveram uma combinação única de compósitos de cortiça e plástico reciclado, que é a base destes flutuadores sustentáveis.
A utilização deste novo material reduziu o peso da plataforma em 15% e ajudou a reduzir a pegada de carbono da produção dos flutuadores em 30%. É um exemplo de como os recursos e o know-how locais podem ser combinados com as novas tecnologias para produzir resultados poderosos. Joana explica que "a cortiça é uma espécie autóctone desta região, é um produto ancestral, e está agora a ser utilizada para alimentar a transição energética neste projeto inovador". A equipa do projeto aplicou os conhecimentos obtidos através de um pequeno projeto piloto no norte do país, Alto Rabagão, que foi desenvolvido em 2016.
Ao ampliar as soluções aí adotadas, demonstra o potencial mais vasto de reproduzir os seus resultados positivos a um nível mais alargado. Estão previstos mais 70 MW na albufeira do Alqueva, na sequência do primeiro leilão de energia solar flutuante em Portugal, e, graças a esta central, já se está a sensibilizar toda a Europa para o potencial deste tipo de tecnologia.
EUSEW 2023
A central Solar Flutuante de Alqueva é uma história de sucesso do financiamento da UE para projetos inovadores de combate às alterações climáticas. Esta iniciativa apoia diretamente o Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal) e o Plano REPowerEU.
Os outros finalistas nesta categoria são: TrAM (Transport: Advanced and Modular) na Noruega e o projeto pan-europeu STEP (Solutions to Tackle Energy Poverty). O TrAM está na origem do primeiro ferry rápido totalmente elétrico do mundo com zero emissões. O STEP está a utilizar a inovação social para combater a pobreza energética em nove países da UE.
Os Prémios Europeus de Energia Sustentável(EUSEW Awards) distinguem indivíduos e projetos notáveis pela sua inovação e esforços em termos de eficiência energética e energias renováveis. Os prémios são atribuídos em três categorias: Inovação, Ações de Energia Local e Mulheres na Energia. Os vencedores são anunciados durante a cerimónia de entrega dos prémios EUSEW, realizada em junho de 2023, na presença da comissária europeia para a Energia, Kadri Simson, e de um júri de alto nível.
A Semana Europeia da Energia Sustentável (EUSEW), o maior evento anual dedicado às energias renováveis e à utilização eficiente da energia na Europa, realiza-se de 20 a 22 de junho, sob o tema "Acelerar a transição para as energias limpas - em direção a faturas mais baixas e a mais competências". O evento reunirá milhares de intervenientes na área da sustentabilidade para explorar temas políticos relacionados com a proteção dos consumidores europeus contra a volatilidade dos preços e o aperfeiçoamento das suas competências para produzir e poupar energia no atual contexto energético.
As inscrições para a participação presencial em Bruxelas e a participação online já estão abertas.