A2E

EDP financia nove projetos de acesso a energia limpa em África

Segunda-Feira 14, Novembro 2022
International
Renewable energy
Sustainability

Apoio de um milhão de euros, no âmbito da quarta edição do Fundo de Acesso à Energia, reforça estratégia de impacto social da EDP em economias emergentes e o seu foco em assegurar uma transição energética justa. Os projetos agora selecionados irão beneficiar perto de um milhão de pessoas em quatro países africanos.

A EDP vai apoiar mais nove projetos que promovem o acesso a energia renovável em comunidades remotas e vulneráveis em quatro países africanos: Moçambique, Nigéria, Angola e Maláui. O financiamento total de um milhão de euros – garantido pelo Fundo A2E (Access to Energy) – terá impacto direto em áreas prioritárias como a saúde, agricultura, educação ou acesso a água potável, envolvendo mais de um milhão de beneficiários diretos e indiretos.

O recurso a energia solar descentralizada e a tecnologias de armazenamento de energia estão na base de todos os projetos selecionados nesta quarta edição do Fundo A2E, num total de 158 candidaturas. Entre esses projetos, destacam-se, por exemplo, um sistema de malas solares que fornecem energia para maternidades, micro-redes elétricas para abastecer postos clínicos, sistemas solares para produção agrícola ou câmaras frigoríficas em mercados locais.

A EDP reforça assim a sua estratégia de impacto social, promovendo a inclusão energética em territórios mais desfavorecidos. No caso de África, que representa cerca de 70% da população mundial sem acesso a eletricidade, este apoio é mais um contributo para responder às necessidades de descarbonização, ação climática e de acesso à energia – este é, aliás, um dos temas em destaque na agenda da COP27, a Conferência do Clima das Nações Unidas, que decorre no Egipto até 18 de novembro.

“O acesso a eletricidade é crucial para garantir a segurança e o desenvolvimento de qualquer comunidade – e é um problema impactante em muitas comunidades remotas ou em situações mais vulneráveis na África Subsariana. O nosso compromisso, agora reforçado com o financiamento de mais nove projetos, é de continuar a contribuir para facilitar esse acesso a energia limpa, segura e a baixo custo nestas comunidades, e assim promover a inclusão energética”, adianta Vera Pinto Pereira, administradora da EDP, responsável pela estratégia global de impacto social do grupo.

“O impacto positivo que a EDP quer ter mede-se por cada uma das vidas que ajudamos a mudar com estes apoios. Seja a de uma criança que passa a poder estudar à noite em sua casa por ter iluminação, de um médico ou enfermeiro que passam a ter equipamentos de emergência para assistir partos e cirurgias, ou de uma vendedora que passa a poder conservar os seus produtos frescos no mercado por mais tempo e assim aumentar o seu rendimento familiar.”

Mais um milhão de pessoas beneficiadas

A Nigéria, com quatro projetos, e Moçambique, com três, voltam a ser os países com mais propostas selecionadas nesta quarta edição do Fundo A2E. No que diz respeito à Nigéria, os promotores escolhidos são a We Care Solar (energia para maternidades), a Konexa (eletrificação de postos clínicos e comunidades adjacentes), a Reeddi (cápsulas solares para famílias e pequenos negócios) e a Optimal Greening Foundation (projeto de água potável e saneamento básico).

Em Moçambique, as entidades selecionadas foram a Associação Educafrica (eletrificação de equipamentos escolares e comunitários numa ilha piscatória), a ADPP Moçambique (sistema de refrigeração para mercado de peixe) e a Fundación Energia sin Fronteras (eletrificação de herdade agrícola de orfanato). A Fundação Cuerama, com um projeto de eletrificação de equipamentos que servem uma comunidade, é o promotor selecionado em Angola, e a aQysta Malawi, com um sistema de processamento agrícola alimentado a energia solar, é o projeto escolhido no Maláui.

Com esta quarta edição do Fundo A2E – fundo de responsabilidade social corporativa que duplicou o valor de financiamento para um milhão de euros em 2022 –, a EDP dá continuidade ao programa iniciado em 2018. Nas três edições anteriores, o fundo já disponibilizou um total de 1,5 milhões de euros para apoiar 20 projetos em sete países africanos (Angola, Maláui, Moçambique, Nigéria, Quénia, Ruanda e Tanzânia) que contribuíram para melhorar a vida de 80 mil pessoas e indiretamente, mais de um milhão. Um impacto positivo que sai reforçado nesta nova edição do programa, estimando-se que beneficie diretamente mais de 40 mil pessoas e, indiretamente mais de 900 mil nesses territórios.

A EDP reforça assim o seu compromisso com a sustentabilidade do planeta, através da disseminação das energias renováveis e do combate à pobreza e à exclusão elétrica que ainda afetam a vida de milhões de pessoas, especialmente em comunidades rurais remotas de países em desenvolvimento. O apoio a estes projetos é assim um contributo determinante para garantir um futuro mais sustentável, inclusivo e justo, em linha com a própria ambição da empresa de ser totalmente verde até 2030.

Todos os projetos, país a país

NIGÉRIA

  • We Care Solar

Num país com uma das mais altas taxas de mortalidade em maternidades no mundo (19%), onde cerca de 300 mil mulheres e um milhão de recém-nascidos morrem devido a complicações na gravidez e no parto, de acordo com dados da OMS, o sistema de saúde neo-natal da Nigéria está entre os piores do mundo. A We Care Solar acredita que a energia pode salvar vidas. Por isso, o seu plano é fornecer energia limpa a 60 centros de saúde primária com salas de parto equipados com ‘malas’ solares, que garantem iluminação e o funcionamento de equipamentos de emergência médica – uma solução que pode ajudar a salvar 32 mil mães e bebés todos os anos.

  • Konexa Eletricity

A rede elétrica no estado de Kaduna tem cobertura rural limitada e não é estável, garantindo apenas uma média de 3 a 4 horas de eletricidade por dia nas zonas eletrificadas. As comunidades agrícolas, localizadas a quilómetros da rede, não têm acesso fiável à energia, forçando os prestadores de cuidados de saúde a trabalharem com velas durante a noite e as famílias a recorrerem a carvão e madeira em casa. Com o seu projeto, a Konexa pretende eletrificar cinco centros de cuidados de saúde primários e 375 habitações nas comunidades envolventes. Com este projeto, mais de 2.250 pessoas (entre as quais 930 crianças) vão mudar para energia limpa, reduzindo a sua exposição a fumos tóxicos e melhorando os seus serviços de saúde.

  • Reeddi Tecnhologies

O acesso à eletricidade é fundamental para o desenvolvimento social e económico das comunidades na África Subsaariana. É o caso da Nigéria, o país mais populoso de África, onde cerca de 70 milhões de pessoas não têm acesso e energia e mais de 50 milhões, apesar de ligadas à rede, não conseguem mais do que 4 horas de eletricidade por dia. A Reeddi encontrou uma solução, ao distribuir cápsulas – uma espécie de pequenas baterias portáteis – por 400 casas e pequenas lojas em quatro comunidades. Esta solução de energia limpa, acessível e fiável não só reduz a fatura energética em mais de 30%, como ainda possibilita aumentar o rendimento de mais de 70 pequenos negócios locais.

  • Optimal Greening Foundation

Mais de 58 milhões de pessoas em áreas urbanas na Nigéria vivem sem saneamento básico – nomeadamente em Lagos, onde apenas 10% da população tem acesso a água canalizada potável. É precisamente nessa cidade que esta fundação está agora a desenvolver um projeto de saneamento e acesso a água limpa numa comunidade insular (AGALA), a 30 minutos de barco de Lagos. Com 221 agregados familiares (cerca de 1.100 pessoas), esta comunidade beneficiará com a implementação de um sistema de tratamento de água e outros equipamentos alimentados por energia solar. O objetivo é empoderar os membros da comunidade através da criação de, pelo menos, 25 postos de trabalho para jovens e mulheres, que serão formados para operar, gerir e assegurar estas instalações após a execução do projeto.

MOÇAMBIQUE

  • Associação Educafrica

Na Ilha de Mbenguelene vivem 160 famílias isoladas e sem eletricidade, com apenas um barco de transporte disponível. Nesta comunidade, que vive da pesca e da agricultura, 80 crianças aprendem debaixo de mangueiras e há um elevado nível de absentismo dos professores, pelo facto de não terem um local para viver durante o ano escolar. A Associação Educafrica quer mudar esta realidade, fornecendo energia limpa às novas instalações escolares e à casa dos professores que começou a construir, permitindo que os estudantes melhorem a sua educação e os seus professores tenham condições de vida dignas, com iluminação em casa, uma bomba de água ou um frigorífico. Além disso, a população terá um barco com motor elétrico, o que lhes permitirá transportar pessoas e bens, de forma mais rápida e fácil.

  • ADPP Moçambique

A atividade piscatória na região de Cahora Bassa tem um impacto social significativo para mais de 10.300 pessoas, uma vez que contribui para a segurança alimentar, emprego e rendimentos familiares. No entanto, os pescadores têm acesso limitado a equipamentos especializados e aos mercados e não estão preparados para participar em modelos de gestão. Além disso, o número de infraestruturas de mercado é limitado e o volume de vendas é muito pequeno. Como mudar isso? Equipar os pescadores com máquinas de refrigeração e de congelamento alimentadas por energia solar é o primeiro passo. O projeto irá ainda fornecer um sistema e equipamento de energia solar a um mercado de peixe. Esta mudança promove uma nova mentalidade empresarial entre os pescadores e pretende ajudar a aumentar os rendimentos dos pescadores e a sua resiliência face ao impacto das alterações climáticas.

  • Fundación Energia sin Fronteras

Enquanto gestora de 500 hectares de terrenos agrícolas, a Casa do Gaiato constitui uma fonte de alimentação de produtos hortícolas (milho, batatas, cebolas, alho, tomate, pimentos, couves...) e carne (galinhas, porcos, vitelos, etc.) para as crianças e jovens da herdade, bem como para as 165 mulheres e as suas famílias que vivem nos arredores da quinta conhecida como a Fazenda. Para reduzir as elevadas despesas com a eletricidade, bem como as falhas de fornecimento, e eliminar o uso de combustíveis poluentes como o gasóleo, um sistema solar fotovoltaico e outro de armazenamento serão instalados na área agrícola deste orfanato, e na escola, que passará a contar com um abastecimento de energia sustentável e fiável a preços acessíveis.

ANGOLA

  • Fundação Cuerama

No coração da província de Cuanza Sul, a comunidade de Cuerama sofre com o isolamento, a falta de estradas para as aldeias mais próximas e de acesso a uma rede de telecomunicações. Reverter este cenário tornou-se uma prioridade para a Fundação Cuerama desde 2015. Para prestar um melhor serviço a comunidade irá fornecer energia limpa às novas instalações, como o centro médico (para refrigeração de vacinas, equipamento de diagnóstico), a escola primária e a cantina escolar (conservação de comida), entre outras intervenções. Cerca de 5.000 pessoas beneficiarão com este projeto, que também irá potenciar a possibilidade de trabalhar com máquinas e equipamento elétrico em carpintaria, costura, cestaria, olaria, agricultura, e a produção artesanal de sabão.

MALÁUI

  • aQysta Malawi

O rendimento agrícola anual de 15 milhões de pessoas no Maláui (80% da população total) que dependem da agricultura para a sua subsistência é extremamente baixo. Com colheitas limitadas ao longo do ano e a lutar para conseguir produtos frescos para levar rapidamente aos mercados, estes agricultores são forçados a aceitar os preços baixos que lhes são oferecidos e, por isso, a sua condição financeira mantém-se criticamente frágil. Com este projeto que utiliza energia solar na fase de pós-colheita agrícola, cerca de 1.000 agricultores terão acesso a tecnologias de conservação e processamento alimentadas com energia renovável e serão formados em boas práticas agrícolas para satisfazer as exigências dos compradores. Isto pode representar um aumento de 200% nos seus rendimentos, mas também um passo relevante na resolução de outros problemas, como a alimentação de crianças no Maláui – por exemplo, uma das culturas processadas são amendoins, utilizados por uma organização parceira em tratamentos para crianças com problemas de nutrição.