21 Maio 2024
19 min

O programa EDP Energia Solidária apoia projetos sociais que promovam uma transição energética justa, em áreas como a educação, agricultura e o apoio à comunidade.

Projeto Ecolive

Natureza, saúde e inclusão

Desenvolvido pela Cercipeniche, uma cooperativa de solidariedade social dedicada à capacitação e inclusão de pessoas com deficiência, assim como da comunidade em geral, o projeto Ecolive tem como missão oferecer à comunidade um programa de terapias inovadoras e sustentáveis.

Com base no conceito da Terapia Verde ou Natural, o projeto Ecolive visa promover o pleno exercício dos direitos de cidadania, centrando-se na relação do ser humano com a natureza e destacando-se pela promoção da eficiência energética e sustentabilidade ambiental. Este foi um dos projetos apoiados pelo programa EDP Energia Solidária, da Fundação EDP, que visa, não apenas melhorar a qualidade de vida das pessoas apoiadas pela cooperativa, mas também promover práticas sustentáveis e consciencializar a comunidade sobre a importância da relação entre o ser humano e a natureza.

“A ideia do Ecolive surgiu com a oportunidade criada pela Fundação EDP que veio ao encontro de algumas necessidades que tínhamos identificado: os custos elevados de manutenção de espaços como a horta e a piscina, o envelhecimento das pessoas apoiadas e a adesão limitada a terapias convencionais”, explica João Gomes, da equipa Ecolive. E assim começou a ser desenhado o projeto que se destaca pela conexão entre o ser humano e a Natureza.

Através do Ecolive, será implementada a Terapia Verde ou Natural, concentrando-se na horta e na piscina terapêuticas. De que forma? Na horta, a sustentabilidade será maximizada com compostagem, utilização de água da chuva e estrume do burro Galileu, garantindo acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida.

Já a piscina terapêutica incorporará sistemas de aquecimento, tratamento de ar, iluminação LED e painéis fotovoltaicos, tornando as terapias mais sustentáveis. “Teremos atividades de terapia e fisioterapia aquática para bebés e adultos, entre outras”, exemplifica João Gomes.

A expetativa é impactar pessoas de todas as faixas etárias, desde os mais novos até aos idosos. “Pretende-se beneficiar cerca de 30 crianças, 90 adultos e colaboradores da Cercipeniche, além de estabelecer parcerias com organizações locais, escolas e agrupamentos, totalizando mais de 300 pessoas”, explica.” he says.

Este é um projeto que se baseia na eficiência energética e na sustentabilidade ambiental, abordando questões como alterações climáticas, economia circular, mobilidade sustentável e gestão eficaz da água.

“O apoio do programa Energia Solidária é fulcral, quer financeiramente, mas também através do apoio fundamental dos seus voluntários, tanto na fase de candidatura, bem como nas fases de implementação e desenvolvimento, e nos futuros apoios aos relatórios de análises do projeto”.

As terapias verdes promoverão o bem-estar coletivo, fomentando atividades em grupo e partilha de conhecimentos intergeracional. Individualmente, incentivará estilos de vida saudáveis e sustentáveis, ligados à natureza e atividades físicas. Uma ideia que, espera João Gomes, se torne um exemplo regional de boas práticas sustentáveis. “Esperamos, no futuro, ter condições para replicar algumas das boas práticas que o Ecolive irá permitir implementar, como é o caso da instalação de painéis fotovoltaicos”.

Este projeto é mais um impulso para a inclusão, o bem-estar e é uma inspiração para as comunidades abraçarem práticas sustentáveis. Desta forma, a Cercipeniche está a construir não apenas um projeto, mas um legado de cuidado, inovação e respeito pelo meio ambiente.

Ecolive

Geocaching Sénior Porto

Memórias sobre rodas

Este é um projeto que combina a emoção de passear numa bicicleta adaptada com a descoberta de lugares emblemáticos da cidade do Porto, promovendo novas aprendizagens.

Em pleno coração do Porto, há um projeto inovador que tem vindo a transformar a forma como a terceira idade e as crianças com necessidades educativas especiais interagem com o património histórico da cidade. Desenvolvido pelo “Pedalar sem idade Porto”, o Geocaching Sénior Porto combina a emoção de passear numa bicicleta adaptada com a descoberta de locais icónicos da Invicta, promovendo novas aprendizagens ao longo da vida e tornando o património acessível a todos os passageiros. Tratase de um jogo em que existe um piloto, um passaporte e um tablet com uma aplicação acessível de geocaching, que ajudará os participantes a encontrar a caixa escondida nos locais mais inacreditáveis da Invicta enquanto passeiam de bicicleta.

A ideia para este projeto inspirador teve origem na Dinamarca – Cycling Without Age -, em 2012, sendo posteriormente importada para Portugal, em 2018. “O Porto foi a primeira localização. Demorámos um ano a implementar o projeto e angariar fundos para o primeiro veículo”, explica Sílvia Freitas, coordenadora do “Pedalar Sem Idade Porto”. Ultrapassar a barreira do ceticismo e da falta de compreensão sobre a proposta do projeto foi uma das principais limitações enfrentadas. O desafio de ir buscar pessoas idosas a lares para levá-las a passear de bicicleta pela cidade, uma atividade que muitos não associavam a essa fase da vida, exigiu um esforço maior, segundo a responsável.

Desde a sua implementação, o Geocaching Sénior Porto já proporcionou experiências a cerca de 8.000 pessoas na cidade. “O objetivo agora é estender essa iniciativa a mais municípios da área metropolitana, alargando o alcance e impacto deste projeto, que vai além do simples passeio de bicicleta”.

Recentemente, o projeto recebeu o apoio do programa EDP Energia Solidária, o que representa um impulso significativo. “Este suporte permitirá carregar baterias das bicicletas com energia de fonte renovável, possibilitando o aumento do número de veículos e a expansão das rotas para pedalar ainda mais longe”.

Entre as histórias vividas durante as pedaladas, destaca-se a da Dona Isabel, uma passageira que solicita sempre passeios mais longos. “Num episódio memorável, queria percorrer a cidade de uma ponta a outra, mesmo quando a piloto alertou que a bateria não era suficiente para voltar, a Dª Isabel, sabendo que temos veículos dispersos por toda a cidade, respondeu: ‘Vamos numa bicicleta até uma ponta, chegamos lá e pegamos noutra para regressar’. E assim foi”, conta.

Os ciclistas, voluntários e verdadeiros contadores de histórias, realizam os passeios com o objetivo de combater o isolamento social: “pedalamos pelo direito ao vento nos cabelos, pelo direito à cultura e pelo direito à relação, reconectando idosos e pessoas com a sua comunidade de referência”, conclui.

Sílvia Freitas deseja levar esta ideia a outras cidades. “A essência deste projeto vai além de proporcionar simples passeios de bicicleta; é sobre criar memórias, promover a inclusão e celebrar a alegria de aprender e conviver, independentemente da idade”.

Porto Senior Geocaching

#SomosEnergia

Aprender-fazendo

O projeto #SomosEnergia tem como objetivo desenvolver competências técnicas e interpessoais nos jovens NEET (Not in Employment, Education or Training), capacitando-os para desempenhar um papel ativo na transição energética das suas comunidades.

Desenvolvido pela Associação Sustainable Energy Youth Network (SEYN), em colaboração com a Universidade de Évora e a Drive Impact CRL, o #SomosEnergia tem como propósito criar uma cultura de mudança nas comunidades junto às centrais termoelétricas de Sines e do Pego. Este projeto, um dos vencedores do Programa EDP Energia Solidária, nasceu como uma extensão do Just-YEA, uma iniciativa voltada para jovens do Alentejo que visa capacitá-los para a transição energética.

Susana Guerreiro, co-fundadora e diretora da SEYN, explica que o objetivo é ampliar esse trabalho, abrangendo mais atividades e regiões geográficas. A meta principal é capacitar públicos vulneráveis, incluindo jovens NEET, em três áreas-chave: energias renováveis, eficiência energética e mobilidade sustentável.

O #SomosEnergia teve início em novembro de 2023 e está programado para durar 12 meses. “Para adaptar e escalar o programa JustYEA às necessidades das comunidades próximas das centrais termoelétricas de Sines e do Pego, foram realizadas adaptações nos conteúdos e formatos das atividades, em colaboração com parceiros locais”, explica a responsável.

A colaboração entre a SEYN, a Universidade de Évora e a Drive Impact CRL é essencial para o sucesso. Segundo a responsável, “a Universidade de Évora, por meio da Cátedra de Energias Renováveis, lidera a qualidade dos conteúdos programáticos e partilha conhecimento sobre energia solar fotovoltaica, armazenamento de energia, com sessões dinâmicas e muito práticas que têm tido uma avaliação muito positiva pelos participantes; enquanto a Drive Impact organiza atividades de mobilidade ativa, como oficinas de reparação de bicicletas e passeios educativos.”

O #SomosEnergia adota uma abordagem prática e disruptiva, enfatizando a aprendizagem fazendo e promovendo um ambiente de colaboração e experimentação.

“A SEYN tenta mostrar que qualquer um pode construir um sistema de energia solar, que não têm de ser especialistas nem engenheiros, e que todos têm a capacidade de aprender-fazendo.” Abraçam a experimentação, a coragem para liderar e não deixam muito espaço para o medo de falhar: “acolhemos o falhanço como as lições mais valiosas. Não há avaliações, nem individualismos, trabalhamos em conjunto e damos liberdade para os jovens escolherem em que tarefa querem focar em cada momento”, conclui.

A avaliação do impacto destas ações nos vários públicos-alvo e comunidades, será realizado através de várias metodologias. Como explica Susana Guerreiro, as masterclasses (sessões práticas focadas em aprender a fazer) estão a ser avaliadas através do número de inscritos e através de uma avaliação dada pelos participantes, respondendo a um questionário online após cada sessão.

A candidatura ao programa EDP Energia Solidária surgiu de forma natural. “O tema estava perfeitamente alinhado, e além disso, as zonas de transição justa identificadas pela Comissão Europeia em Portugal, coincidem com regiões onde a EDP tem historicamente uma importância para o tecido social”, refere.

A SEYN viu, assim, uma oportunidade de expansão do projeto a zonas ainda não abordadas, como o Médio Tejo, e agarraram o desafio de diversificar para incluir o tema da mobilidade sustentável e da eficiência energética, “temas que até agora eram abordados de forma mais superficial nas nossas atividades, mas que percebemos que fazia sentido aprofundar”, conclui.

Após avaliar o impacto do #SomosEnergia, a SEYN planeia replicar a iniciativa noutras cidades, como Matosinhos, identificada como uma zona de transição justa pela Comissão Europeia.

#SomosEnergia Project

Projeto Terra

Educar para transformar

Num mundo onde a urgência da sustentabilidade se torna cada vez mais evidente, surgiu o Projeto TERRA, uma iniciativa que visa transformar a forma como encaramos a educação ambiental nas escolas.

É inegável que a escola desempenha um papel crucial na formação de consciências e tem o poder de influenciar comportamentos. Como dizia Nelson Mandela, “a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”. É neste contexto que o Projeto TERRA - Transição Energética para a Recuperação dos Recursos Ambientais assenta, ao reconhecer o papel da educação na construção de uma sociedade mais consciente e responsável.

Uma das iniciativas mais marcantes do TERRA é o cultivo de espécies hortícolas e florísticas em modo biológico e hidropónico na horta escolar, mais especificamente na Escola Infanta D. Mafalda, em Gondomar. “Esta experiência prática não só ensina os alunos sobre a diversidade e ciclo de vida das plantas, mas também destaca a importância da preservação do solo e da água”, explica Américo Sousa, professor e coordenador do Departamento de Ciências Exatas e Naturais.

Além disso, a horta permite saborear os produtos produzidos, através do consumo direto ou através do consumo de produtos preparados no bar da escola e “utiliza água do poço existente na escola, através de um sistema de bombagem, sistema esse que permite, também, a rega dos espaços verdes”, continua.

Este projeto tem como principal objetivo a contribuição para uma transição energética inclusiva e sustentável, através da capacitação da comunidade escolar para a adoção de medidas de eficiência energética que tragam conforto, com um custo energético adequado e preservando os recursos naturais e a consequente diminuição da pegada ecológica.

“Numa perspetiva de ‘Pensar globalmente e agir localmente’ queremos contribuir com as ferramentas à nossa disposição para uma descarbonização da atmosfera e para a prossecução da neutralidade carbónica até 2050, estabelecida por Portugal”, afirma Américo Sousa.

A instalação planeada de painéis solares na horta representa um passo significativo em direção à autossuficiência energética. Mas no caminho da descarbonização, este projeto vai ainda mais longe: no que toca ao transporte escolar, o TERRA está determinado a diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. Através da cedência temporária de trotinetes elétricas, pretende-se incentivar meios de mobilidade mais sustentáveis, enquanto se promove a utilização de transportes públicos e a prática de exercício físico.

O apoio do Programa EDP Energia Solidária tem sido vital para o sucesso deste projeto. Além dos recursos financeiros necessários, o programa fornece apoio técnico essencial, de forma a garantir que as medidas implementadas sejam as mais eficazes e adequadas às necessidades da comunidade educativa.

Segundo Américo Sousa, este programa possibilitará os recursos financeiros necessários à aquisição de equipamentos que permitirão à Escola iniciar um processo de transição energética justa e sustentável contribuindo para a realização de soluções nas áreas da energia renovável e da comunidade educativa.

Convém destacar o papel fundamental dos voluntários EDP que acompanham o projeto TERRA pelo apoio prestado na análise das propostas apresentadas pelas empresas e, também pela apresentação de sugestões a desenvolver”, conclui.

Project Terra

El Pueblo me alimenta

Manter vivo o ambiente rural

Apoiar os pequenos agricultores, criando uma rede entre si e levando os seus produtos mais diretamente aos consumidores, foi um dos grandes objetivos do projeto “El Pueblo me alimenta”, que revitalizou a economia rural em algumas das aldeias de Aragão.

“O trabalho dos pequenos produtores merece ser reconhecido pelo seu valor incalculável na estruturação do território e este evento dá-lhes a oportunidade de se darem a conhecer ainda melhor”.

“Pessoalmente, ajudou-me a estabelecer uma ligação com os produtores, a divulgar o seu produto e a torná-lo conhecido no meu trabalho como chefe de cozinha e professor”.

“A experiência foi muito positiva, tanto na apresentação como depois no contacto com os fornecedores. É uma boa ideia poder realizar este tipo de atividade com o objetivo de fazer chegar os produtos aos nossos clientes”.

Estas foram algumas das reações dos participantes da iniciativa “El Pueblo me Alimenta”, um dos projetos apoiados pelo EDP Energia Solidária, que nasceu da ideia de trabalhar para o desenvolvimento rural em conjunto com o setor agroalimentar em algumas aldeias de Aragão, em Espanha.

A revitalização socioeconómica do território rural, através da promoção do consumo local, provocando uma mudança nos padrões de consumo, mais sustentáveis e geradores de riqueza esteve na base desta ideia. De que forma? Apoiando os produtores como elementoschave do desenvolvimento da região, contribuindo para valorizar o seu património cultural, gastronómico e social.

As iniciativas incluíram ações diretas com o consumidor em mercados, campanhas de marketing, ações de eficiência energética e a criação de uma plataforma para servir de montra e de ferramenta de intercâmbio e apoio mútuo aos produtores integrados na rede.

Rosa Rived Calvo, mentora do projeto, diz que o principal desafio foi “manter vivo o ambiente rural”. Além disso, o “Pueblo me alimenta” enfrentou o desafio de levar os produtos locais aos consumidores da capital. Metade da população de Aragão está na capital, e o acesso aos produtos rurais nas capitais pode ser melhorado.

“Os sistemas de produção locais e conscientes, conhecendo a origem, diretamente do produtor, contribuem para cuidar do ambiente, minimizando a poluição do transporte, tanto das matérias-primas como do produto final”, defende Rosa, acrescentando que a eficiência energética e as energias limpas têm sido outros desafios.

O apoio da EDP teve, de acordo com Rosa Rived Calvo, o impacto previsto, melhorando o conhecimento e o consumo dos produtos rurais entre os clientes urbanos, além de reduzir os custos das empresas agroalimentares rurais. Mas ainda há muito trabalho a fazer.

Os Grupos de Ação Local de Aragão continuam a trabalhar para o desenvolvimento rural, de mãos dadas com o setor e Rosa diz que irão continuar a trabalhar para reproduzir a ideia em novos espaços, nas capitais de província de Aragão.

“Há muito a fazer, há sempre pessoas para sensibilizar, novos produtos para dar a conhecer, novas empresas para apoiar a fim de melhorar a sua economia, por isso continuaremos à procura de novas ajudas para complementar o nosso trabalho quotidiano”.

El Pueblo Me Alimenta Project

De Molina Artesanas Alimentarias

Mais eficiência energética no negócio

Constituída apenas por duas pessoas, as irmãs Concha e Antonia, a De Molina é uma empresa artesanal que tem feito um importante caminho no que diz respeito a formas de produção mais sustentáveis.

“Quando fomos informados deste programa, não hesitámos e participámos para melhorar a nossa eficiência energética, ajudando-nos a aperfeiçoar a nossa adaptação a períodos de maior consumo e maior produção de energia”, contam-nos as responsáveis pela De Molina Artesanas Alimentarias, de Caspe, em Zaragoza.

Um padrão de consumo de energia pouco linear sempre foi o maior desafio da empresa. Há dias em que são atingidos picos de consumo e outros onde pouco ou nada se passa, pois como empresa artesanal que é, a sua atividade depende muito do ritmo das encomendas. “Este foi um desafio que resolvemos controlando os picos de consumo, incluindo um mapa de consumo para saber quando precisamos de mais energia e adaptarmo-nos a esses momentos de maior produção”, justifica.

As artesãs alimentares, que apostam em produtos locais - como a curcuma e as alcaparras, mas que também trabalham para inovar com outros produtos - estão muito conscientes da importância da sustentabilidade e do cuidado com o ambiente natural, já que um dos pilares básicos da empresa é o cultivo integrado das matérias-primas, que depois “temperamos e conservamos nas nossas quintas”.

“Apercebemo-nos de que tínhamos um grande potencial no nosso ambiente, porque temos muitas horas de sol e seria interessante para a nossa loja colaborar com a sustentabilidade, reduzindo o consumo de eletricidade da rede para energia de autoconsumo através de painéis fotovoltaicos”, explicam. fotovoltaicos”, explicam. Em cerca de três meses preparam e puseram em prática o projeto.

Para começar, fizeram vários upgrades nos sistemas de irrigação localizada e na utilização de redes biodegradáveis nas suas culturas, reduzindo consideravelmente o consumo de água e melhorando a eficiência. O passo seguinte foi reduzir a utilização de eletricidade.

“Um dos nossos objetivos enquanto empresa é crescer de uma forma mais sustentável, fazendo uma utilização responsável da energia que temos ao nosso dispor, procurando um futuro melhor e mais sustentável, empenhados em promover a eficiência hídrica e energética e, ao mesmo tempo, incentivar o desenvolvimento rural na nossa zona”, justificam.

“Gostaríamos que esta nossa ideia - de sermos mais sustentáveis e eficientes - fosse replicada noutras regiões”, adiantam. “O que estamos a fazer é estar presentes onde quer que nos chamem e contar a nossa experiência, caso sirva de modelo para que outras pequenas empresas como a nossa decidam dar o passo para procurar soluções eficientes para alguns dos seus consumos, tanto de água como de eletricidade”.

Uma das coisas que as sócias da De Molina fazem questão é de continuarem a formar-se em diferentes áreas. O último curso que fizeram foi sobre economia circular, descobrindo que já punham este recurso em prática mesmo sem o saberem: “Uma das nossas culturas é a malagueta. O mercado só quer malaguetas verdes em pickle, e ficavam no campo as malaguetas vermelhas, que tinham amadurecido demasiado. No início, eram deitadas para o chão, como adubo orgânico, mas pensando no que podíamos fazer com essas malaguetas vermelhas, criámos um patê vegetal com azeite virgem extra e vinagre de vinho, e criámos um escoamento mais económico para um produto que antes deitávamos fora”. Agora é um dos seus produtos-estrela.

“A nossa empresa é muito pequena, familiar, somos apenas duas pessoas, mas estamos sempre à procura de novos produtos a partir das matérias-primas que cultivamos, pois somos muito irrequietas”.

De Molina Artesanas Alimentarias

Comunidade Energética de Abidanza

Um novo caminho para a sustentabilidade

As comunidades energéticas locais são uma realidade cada vez mais presente nesta mundança de paradigma que tem por base a energia descentralizada.

Nos últimos anos tem-se verificado um crescimento das energias renováveis para autoconsumo, que significa a produção de energia renovável em que os consumidores de energia passam a ter capacidade para produzir, consumir, armazenar, partilhar e até mesmo vender energia elétrica. A produção descentralizada de energia baseia-se nas fontes renováveis com o intuito de melhorar a coesão social e territorial através da independência energética, alocação de recursos e criação de empregos em regiões menos desenvolvidas do país.

Neste sentido, entraram em cena as Comunidades Energéticas Locais (CEL), em Espanha, que são muito mais do que grupos que partilham energia de uma instalação energética: são espaços de diálogo que fomentam a participação, colaboração, construção de compromissos, confiança e um profundo sentido de pertença. Esta abordagem reflete a visão de que a energia renovável não apenas ilumina casas, mas tece laços nas comunidades.

Atenta a esta mudança de paradigma, Abidanza, uma pequena aldeia em Huesca, começou, em 2019, a estudar a possibilidade de instalar painéis fotovoltaicos para bombear água da rede municipal de abastecimento de água, com a intenção de beneficiar os residentes e as empresas do concelho, através de poupanças consideráveis nos custos energéticos. Para tal, contando com o incentivo do presidente da Câmara, Javier Labat, os habitantes locais uniram-se na criação de uma cooperativa, marcando o início de uma frente comum para desenvolver projetos sustentáveis.

Como refere Javier Labat, o objetivo final é o de “criar hábitos de consumo mais baixos, otimizando os picos de produção dos painéis, fazendo também parte desta consciência no caminho que tem vindo a ser percorrido, no sentido da descarbonização da energia e, portanto, da redução das emissões”. E sublinha: “o programa da EDP deu o impulso necessário para a criação da CEL Creation, com uma excelente assessoria técnica, jurídica e administrativa”.

Sendo uma das primeiras CEL desta comunidade, a ideia é trabalhar em conjunto com outras CEL já formadas. “Também estamos dispostos a promover e ajudar qualquer movimento da população que esteja disposto a empreender o caminho de uma CEL”, faz questão de afirmar.

Mas o caminho não foi fácil. “Sabíamos que muitas pessoas estavam interessadas no projeto, mas havia também muitos vizinhos que tinham dúvidas. Mas a maioria decidiu finalmente aderir à Cooperativa mesmo antes da sua criação”, refere o responsável do município. “Por conseguinte, a aceitação da CEL no município é muito elevada, o que significa também dispor das receitas necessárias para continuar a avançar para um município energeticamente sustentável e mais verde”.

Constituída em 2023, a ideia é agora candidatar-se a subsídios em 2024, para poder efetuar a instalação. Abidanza está no bom caminho.

Abidanza Energy Community

EDP Energia Viva: Integrando os ODS nas Escolas

Escolas sustentáveis, comunidades resilientes

O projeto “EDP Energia Viva: Integrando os ODS nas Escolas”, em São Paulo, Brasil, foi concebido com o objetivo de promover ações transversais que abordem não só a questão energética, mas também as dimensões sociais e ambientais, comprometendo-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nas escolas onde se moldam as futuras gerações.

O Energia Viva tem como missão impulsionar iniciativas sociais, ambientais e de transição energética na Escola Estadual Ernesto Quissak, em São Paulo, região de concessão da EDP, com ênfase na implementação de fontes renováveis de energia e hortas com reaproveitamento da água da chuva. “Este projeto pretende contribuir para a melhoria da qualidade de vida destas comunidades, promovendo uma transição energética justa e uma sustentabilidade ambiental”, explica Beatriz Ramos, analista de Serviços Tecnológicos, do Instituto SENAI de Tecnologia Química e Meio Ambiente.

De acordo com esta responsável, a inspiração para a conceção deste projeto foi influenciada pela adoção dos ODS pela comunidade internacional, inclusive pelo Brasil, como uma agenda global para o desenvolvimento sustentável até 2030.A urgência em melhorar a qualidade de vida em comunidades vulneráveis, “como as escolas públicas em Guaratinguetá, motivou a busca por soluções que proporcionassem acesso à energia limpa, alimentação saudável e educação ambiental”, indica.

Este projeto não visa apenas reduzir as disparidades sociais e ambientais, mas também promover um desenvolvimento mais equitativo e sustentável, enraizado nos princípios dos ODS. “Uma das vertentes fundamentais do projeto é a oferta de oficinas e cursos de capacitação na área de energia elétrica, visando não apenas a implementação das tecnologias sustentáveis, mas também a criação de oportunidades de emprego, especialmente para mulheres em situação de risco, com o objetivo de promover uma sociedade mais justa e equitativa”, explica. Um projeto que espera impactar diretamente 532 pessoas.

De acordo com a responsável pelo projeto, o Energia Viva terá um impacto ativo na comunidade local, promovendo não só a sustentabilidade ambiental, mas também o desenvolvimento social, económico e educacional de forma inclusiva e equitativa.

Na comunidade local, ao implementar fontes renováveis de energia e práticas sustentáveis nas escolas públicas, o projeto proporcionará acesso a energia limpa e sustentável. Além disso, a criação de hortas comunitárias e a promoção da educação ambiental irão incentivar hábitos alimentares mais saudáveis, aumentar a segurança alimentar e promover a conexão das pessoas com o meio ambiente.

Desta forma, o projeto capacitará alunos, professores e membros da comunidade em temas relacionados com a energia, sustentabilidade e meio ambiente, contribuindo para o desenvolvimento de skills e conhecimentos que podem ser aplicados dentro da escola e nas suas vidas diárias e futuras carreiras.

“O envolvimento da comunidade em atividades voluntárias e projetos de impacto social também fortalecerá os laços comunitários e promoverá um senso de pertença e responsabilidade compartilhada pelo bem-estar do ambiente local”.

Para alcançar estes objetivos, o projeto conta com a parceria do SENAI São Paulo, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, e possíveis alianças com ONG’s, além do apoio do programa EDP Energia Solidária. “A ideia do projeto é que possamos desenvolver noutras escolas de São Paulo futuramente, sob área de concessão da EDP”, conclui Beatriz Ramos.

EDP Energia Viva Project

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