
Projeto agrivoltaico da EDP chega a 48 colmeias e capacita comunidade para geração de renda a partir de meliponários
Nesta sexta-feira, 3 de outubro, quando se comemora o Dia Nacional de Preservação das Abelhas, o projeto BeeVolt, que faz o manejo sustentável de abelhas com o objetivo de preservação e geração de renda, completa um ano de atividades. A iniciativa agrivoltaica, ou seja, que une agricultura com geração de energia solar para um uso mais eficiente e sustentável da terra, é realizada pela EDP, empresa que atua em todos os segmentos do setor elétrico, em parceria com a startup Bee2Be e com a ONG Orientavida.
A criação e multiplicação das abelhas nativas se iniciou por meio da instalação de um meliponário, conjunto de caixas retangulares de madeira que abriga as abelhas. O projeto, que começou com 20 enxames, e cerca de 600 abelhas em cada um, atualmente conta com 48 colmeias, com previsão de chegar a 100 até abril de 2026. Além dos benefícios para a biodiversidade, o projeto deve trazer ganhos também para a comunidade por meio da educação ambiental, capacitação em meliponicultura e geração de renda.
O projeto consiste no cultivo de abelhas nativas da espécie Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides), que não têm ferrão e estão ameaçadas de extinção. O objetivo é causar um impacto positivo na biodiversidade na região de Roseira (SP), onde a usina solar está localizada, já que as abelhas nativas são os principais agentes polinizadores, responsáveis pela reprodução de cerca de 80% das plantas.
A polinização é o processo de transferência de grãos de pólen de uma planta para outra, o que garante a produção de frutos e sementes. A abelha Mandaçaia é conhecida por polinizar espécies da flora como Guapuruvu, Angico, Timburí, Uvaia, Pitangueiras, Jabuticabeira, Araçá, Assa-peixe, entre outras. Estima-se que aproximadamente 630 hectares já tenham sido polinizados pelas abelhas nesse período.
Por outro lado, o projeto também tem o objetivo de incluir a comunidade, gerando benefícios socioeconômicos. Por meio de uma parceria com a ONG Orientavida, localizada em Potim (SP), foram capacitadas, em março, sete pessoas, algumas delas selecionadas para serem agentes multiplicadoras de conhecimento. Os participantes, incluindo mulheres em situação de vulnerabilidade social e pessoas neurodivergentes, aprenderam sobre a biologia e alimentação das abelhas sem ferrão, multiplicação e manejo de colônias, confecção e uso de ninhos-isca, legislação e regularização de meliponários.
Desde então, quatro colmeias do meliponário foram direcionadas para a ONG e estão sendo multiplicadas. Atualmente, já são nove enxames. A ideia é que nos próximos meses, quando a multiplicação já estiver mais avançada, seja possível gerar renda por meio da venda de produtos derivados do mel ou do geoprópolis produzidos na própria ONG.
Para Dominic Schmal, diretor de ESG da EDP na América do Sul, “o projeto une preservação ambiental e transformação social, reforçando o compromisso da empresa com o desenvolvimento das comunidades onde está presente e com a transição energética justa. Trata-se de uma usina solar que beneficia a comunidade em diferentes esferas, seja por meio da geração de energia renovável, da proteção e incremento à biodiversidade da região e, também, pela conscientização, educação ambiental e geração de renda”.
Para Vitor Costa, fundador da startup Bee2Be, “em tempos de mudanças climáticas, as abelhas tornam-se ainda mais relevantes. Como polinizadoras, garantem a regeneração de espécies vegetais nativas e fortalecem os ecossistemas. É por isso que esta colaboração com a EDP é tão valiosa: ao integrar a criação de abelhas sem ferrão às usinas solares, promovemos um efeito construtivo sobre o meio ambiente e o entorno social.”
Usina solar social
A Usina Solar de Roseira, onde está instalado o projeto BeeVolt, é também uma usina social. Inaugurada em fevereiro de 2024 pela EDP, com capacidade instalada de 75 kW, a planta gera energia renovável para cerca de 154 famílias na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP), que recebe o benefício por meio de crédito na conta de energia. Entre março de 2024 e agosto de 2025, as famílias tiveram uma economia, no total, de mais de R$ 110 mil. O projeto é realizado em parceria com a Gerando Falcões e recebeu investimento superior a R$ 500 mil da EDP.
Alinhamento com a estratégia global
Iniciativas semelhantes vêm sendo realizadas pela EDP em todo o mundo, como parte do Y.E.S. - You Empower Society, programa que agrega mais de 500 projetos de responsabilidade social para uma transição energética justa. Em 2022, teve início, em Portugal, o projeto Solar Solidário, no bairro da Cova da Moura, comunidade localizada nos arredores de Lisboa e que enfrenta desafios relacionados à falta de infraestrutura básica, especialmente elétrica. Nesta primeira ação, cerca de 150 famílias receberam, cada uma, dois painéis solares para produção de energia e uma geladeira mais eficiente. Ações como estas são exemplos de como a energia solar pode contribuir para a sustentabilidade e a inclusão social, garantindo o acesso à eletricidade de forma limpa e promovendo o desenvolvimento local.